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O LIVRO DE JITOMIR - 2 / A. P. Maryan

O herói deste modesto livro ficou tão extasiado com as palavras da professora, ao conversar informalmente com seus alunos, que na mesma hora achou que dava para a coisa: “Escrever um livro!”. Saiu do colégio “a mil”, mas... como começaria a escrever tudo que tinha dentro da sua cabeça, tão cheia de sonhos (dourados ou prateados, azuis ou róseos).

Convém assinalar que nosso amigo tinha apenas dezoito anos e nessa idade, mudam de ideias com muita frequência. Se o moço era espírita, não se sabe, mas de vez em quando aparecia “alguém do além” para despertar em sua personalidade em formação seu gosto latente por letras, através de algumas frases paternais, mensagens que surtiriam efeito na hora certa.

Todos os grandes mestres da literatura mundial já estavam no “andar de cima” havia muitos anos, nunca se esqueceram que em tempos longínquos foram tão moços, tão afobados e tão inseguros quanto ele era, numa época onde havia pouco tempo para divertimentos e bastante para uma educação esmerada e responsável, ao contrário dos tempos modernos. Eles palmilharam caminhos esburacados e lamacentos, num mundo de sonhos (não tão róseos) e fantasias; curtiram triunfos e decepções, vitórias e frustrações e sentiram os olhos velados da inveja espreitando-os; mas venceram. Alcançaram o sucesso merecido e morreram sem querer, angustiados, querendo parar e retrodecer o tempo ao sentirem-se realizados tão tardiamente. Eis um traço do moço que queria ser romancista, contista, articulista, cronista e não-se-sabe-mais-o-quê!

Ele, na sua vida metódica de funcionário de uma empresa comercial, não sabia que muitos itens poderiam ser arquivados nos labirintos intrínsecos de cérebro, para um futuro aproveitamento. Quanto aos temas, nos dias de mais pessimismo, respondia sempre às suas próprias perguntas: esse não dá certo, aquele outro está muito sem graça, que coisa chata ver mendiga, ladrão, um enterro, ter um vizinho que não conseguia dormir, bah... O que falar dessa gente?

Em seu modo de ver, nada daquilo tinha lastro para uma pequena história, mas nos dias de otimismo, num acesso de premonição, dava um pulo até o teto e lá vinha um retumbante OBA... estalando na sua cachola. Se esses alegres tagarelas de fins de semana se trancassem em suas casas e deixassem de tagarelar entre si, por uma noite, sobre o quotidiano, transferindo para o papel o apanhado de toda a tagarelice, os bares, botequins, bibocas, restaurantes e tendinhas ficariam temporariamente às moscas, já que todos os habitués estariam apressando um conto.

Serviço:

O Livro de Jitomir - 2
... Um Adolescente que Queria Ser Escritor
A. P. Maryan
       
Scortecci Editora
Contos
ISBN 978-85-366-3984-0
Formato 14 x 21 cm 
104 páginas
1ª edição - 2015

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