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AONDE TU VAI, RAPAZ, POR ESSES CAMINHOS SOZINHO? / Rostan Martins

Na frente da casa do festeiro, estendidos no chão, tinha dois mastros do Divino Espírito Santo; nos topos, bandeiras nas cores vermelha e branca com a figura de uma pomba branca no centro. Homens, mulheres, rapazes, moças e crianças. "Viradas” dos toques das caixas empolgantes, todos dançando freneticamente.Tal movimentação, com as crianças, era volumosa motivação para enfeitarem os mastros. Era “Sábado do Divino Espírito Santo”, véspera do “Domingo dos Mastros”, um dos dias mais sagrados dos marabaixistas.

Nos primórdios do marabaixo, havia dois tocadores com suas caixas, mulheres com saias floridas rodopiando no salão, levantando suas saias até os quadris, num movimento histérico, sonoro e colorido, com blusas brancas rendadas e estola nos ombros. Os homens trajavam calças de linho, camisas de mangas compridas engomadas e, na cabeça, chapéu ornado com flores, acompanhando as mulheres nos seus rodopios, cortejando-as e enrolando-se com elas. [...] Os caixeiros produziam e conduziam o ritmo para o “tirador de ladrão”, que declamava/cantava, com fervor, por horas, em meio a suor, ginga, movimento e muita animação, estrondando vozes nos coros dos refrãos dos ladrões na casa do festeiro. Fogos de artifícios misturavam-se às vozes dos “tiradores de ladrão” e aos gritos dos participantes. [...] Assim é o marabaixo, que se originou dos esbarros de diferentes expressões culturais e etnias dos colonizadores que se relacionaram no mesmo espaço social com os índios e caboclos amazônicos.

O desenvolvimento do marabaixo como cultura tradicional de um povo depende da capacidade de comunicação em meio à sociedade. A sociedade busca o conhecimento e o desenvolvimento de sua tradição por meio da comunicação como um caminho para mostrar suporte e aceitação, entendendo e detectando as diferenças de percepção entre os indivíduos, e acarretando uma cultura mais aberta.

Esta cultura faz com que a sociedade tenha maior atilamento da fundamental importância do marabaixo como maior e genuína manifestação cultural do povo amapaense. Assim sendo, a midiatização da cultura tradicional sensibiliza o indivíduo, o espaço midiatizado do marabaixo abre novos caminhos e dinamiza o aprendizado, desenvolvendo interposições e diálogos na sociedade, demonstrando compromisso por meio de comportamentos que contribuam efetivamente para o pertencimento cultural de um povo.
Danniela Ramos - Macapá/2015

Rostan Martins é poeta, escritor, jornalista, radialista, pesquisador, arquiteto e urbanista; professor da Universidade Federal do Amapá; especialista em Marketing Político e Propaganda Eleitoral (USP, 2012), mestre em Comunicação e Semiótica (PUC-SP, 2002) e doutor em Comunicação e Semiótica (PUC/SP, 2012). Autor dos Livros: Alô, alô, Amazônia: a linguagem da floresta no rádio (Limiar, 2005); Coordenador executivo de campanha política eleitoral (Scortecci, 2012), Lume – escritos do instante (poesias, Scortecci, 2012), dentre outros livros.

Serviço:

Aonde Tu Vai, Rapaz, Por Esses Caminhos Sozinho?
Comunicação e Semiótica do Marabaixo
Rostan Martins
Scortecci Editora
Comunicação
ISBN 978-85-366-4407-3
Formato 14 x 21 cm 
148 páginas
1ª edição - 2016

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