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QUADROS DE UMA EXPOSIÇÃO / Luis Gonzaga Vieira

Aos poucos, com muita raiva e muita decepção, consegui viver no meio dos outros. Libertei-me de certas ideias bestas que já não me atormentavam. Vomitei contra tudo, estava livre para xingar tudo, eu era eu sozinho, eu é que seria senhor das minhas besteiras. A cabeça sufocada de dúvidas. Eu, que gosto esquisito na boca! Ri feito um doido: aquilo era o mundo! Eu era centro do universo, mas os outros eram também centro de uma porcaria qualquer. Não existe nada, eu existo dentro de mim mesmo, essa minha afirmação refuta tudo o mais, o erro sou eu, bem e mal são coisas que aponto, mas não quero impedir a liberdade de ninguém.

O seu mal é meu bem, sua liberdade é minha escravidão. Pensando na minha vida de seminário, eu sentia depois uma repugnância desgraçada e, nos sonhos tinha pesadelos. Agora é um dia atrás do outro, só isso. Tentei começar, não havia tabus nem obrigações morais, eu existo, que descoberta! Vida, alguns momentos de euforia e constrangimento. Fiquei pensando o que seria tudo isso, o que significava tudo isso, que repercussão podia eu adivinhar em tudo. Esses sentimentos de ternura ou de loucura, essa vida que coloriram tanto. Seria melhor a gente nunca ter nascido. Mas vivemos.

Sou escritor, escrevia desde pequeno. E gostava de copiar coisas dos outros autores de que eu gostava. Fui lendo muito e aprendendo. Li, por exemplo, Tesouro da Juventude (em 12 volumes) e Coração, de Edmundo de Amicis. Aos poucos aprendi a escrever. Aos 20 anos já escrevia razoavelmente. Quer dizer, escrevia ficção e ensaio, enquanto trabalhava no jornal Estado de Minas. E sempre escrevi muito, tanto que tenho uns 20 livros inéditos. Meu primeiro livro publicado foi Aprendiz de feiticeiro (contos), em Belo Horizonte. Sempre gostei muito de música clássica, principalmente Ravel e Vila Lobos, sem esquecer os compositores populares, como Chico e Caetano. A música é tão importante para mim que alguns de meus romances e contos fazem referência à música, conforme mostram alguns títulos de meus livros, como Você ainda chora quando ouve música?, Estudos para piano e orquestra, Concerto para mão Esquerda. Quadros de uma exposição – a música – é uma peça escrita por Mussorgsky, em 1874, baseando-se em quadros de seu amigo Viktor Hartmann. Quadros de uma exposição – o livro – tem seus capítulos baseados em fases da vida do personagem Zaga. Seu olhar inicial é ingênuo, de uma criança que descobre a vida. E esse olhar, que vai se modificando até sua maturidade, é como se fosse uma sonoridade ligando os quadros de uma vida...

Luis Gonzaga Vieira nasceu em Ouro Fino (sul de Minas Gerais). Morou em Belo Horizonte a partir de 1957 quando saiu, depois de dez anos de estudos, do Seminário Maior de Mariana. Formado em Jornalismo pela UFMG, fez ainda cursos de cinema, existencialismo e fenomenologia. Jornalista profissional, trabalhou no jornal Estado de Minas. Cofundador e colaborador da revista ESTÓRIA, do jornal Texto e da Revista Literária da UFMG, de cuja comissão de redação fez parte. Publica no Suplemento Literário de Minas Gerais. Está na Antologia Nacional de Contistas Novos (1ª série), de Moacir C. Lopes. Em fevereiro de 1973 mudou-se para o Rio de Janeiro. Trabalhou em O Jornal, Diário de Notícias, Revista Pais e Filhos, Boletim Cambial, Revista da Associação Comercial e jornal Última Hora. Durante sua trajetória escreveu uma média de 20 livros, entre os quais citamos os títulos:
• Concerto para a mão esquerda
• Diário de um pequeno burguês
• Cidade maravilhosa
• Leituras de filosofia
• Nosso senhor Henry Miller
• Escritores de Minas
• Você ainda chora quando ouve música?
• Um poeta chamado bastião
• Tempo e literatura
• Caríssimos irmãos
Contato com o autor: www.luisgonzagavieiraescritor.com.br
yvoneluis@ig.com.br

Serviço:

Quadros de Uma Exposição
Luis Gonzaga Vieira
Scortecci Editora
Ficção
ISBN 978-85-366-4849-1
Formato 14 x 21 cm
128 páginas
1ª edição - 2016

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