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SANTA MARIA D'OESTE / João Rosa de Castro

Mesmo não tendo um “defunto autor”, como em Memórias Póstumas de Brás Cubas, Santa Maria d'Oeste trabalha com muito talento os elementos do grande romance de Machado de Assis, situando-os em uma vivência contemporânea que convida o leitor a acompanhar as reflexões de um narrador-personagem que transita entre vários temas, referências e situações vividas por ele. Colocado diante do que chama de “tear da alma”, lembra de palestras e palestrantes do Café Filosófico da TV Cultura, de Nietzsche, Comte, Coldplay, Oswaldo Montenegro, quase sempre se dirigindo à Santa Maria, que acolhe suas inquietações. Na verdade, o que o narrador-personagem chama de “escrevinhação” está destinado a desafiar o leitor a percorrer os caminhos de sua consciência. Justamente por serem desafiadores, tais caminhos não são fáceis, pois não se revelam de maneira transparente.

O leitor está diante da “escrevinhação” de um homem erudito, cuja eloquência constrói um mosaico de temas e pensamentos que vão dando forma à sua alma nesse tear. Pequenas narrações, reflexões sobre o amor, sobre a homossexualidade, sobre a música brasileira, entre outras coisas, deixam no leitor uma impressão convincente, e, ao mesmo tempo, estimulam-no a ir além disso, para explorar algo latente em meio à diversidade apresentada.
Gláucia Lisboa de Carvalho

Só para gastar algum francês, mesmo que eu não seja um francofalante, lembrei essa passagem, no livro de Paulo Rónai, Escola de Tradutores. É claro que está traduzida em vernáculo. E foi justamente a tradução que me chamou a atenção. A cultura é mesmo um mistério brilhante e insondável. Eu andava atrás dum pensamento como este, do mote, alhures, e jamais imaginava que o encontraria justamente onde não o procurava, ou seja, num livro com um título tão técnico como o do Rónai. Mas é justamente aí que ele apresenta essas palavras de Blaise Pascal para dar exemplos de tradução, das quais escolho uma para esclarecer de uma vez o que quero de fato dizer aqui. Reza na primeira tradução, a que mais me agradou, o seguinte: Como se explica que um coxo não nos irrite, e que um espírito coxo nos irrite? É que um coxo reconhece que andamos direito, e um espírito coxo diz que somos nós que coxeamos; sem isso, teríamos piedade dele e não raiva.

João Rosa de Castro participou de encontros organizados pelo Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – Universidade de São Paulo. Fez seu primeiro contato formal com a literatura anglo-irlandesa, sobretudo o drama irlandês contemporâneo. Iniciou pós-graduação também instituída pela FFLCH. Profissional de letras, com licenciatura plena, em São Paulo, traduziu, para o português, ensaios de Oscar Wilde, Caneta, Lápis e Veneno, A Decadência do Mentir, A Alma do Homem sob o Socialismo, etc., e para o inglês, Invasores de Marte: As Aventuras de Joaquim e Eduardo, primeira parte da saga infantojuvenil, de Michael Ruman, e Primus AD, Origami e Mosaicos Urbanos, de Maurício R B Campos; além de assinar a apresentação da última obra citada. Atualmente o autor desenvolve poesia e prosa em língua portuguesa, divulgada na Internet (www.lumedarena.blog-spot.com.br) e em diversas antologias poéticas na forma tradicional. Dedica-se à análise e crítica literária, versão, tradução e revisão em Inglês e Português, à Filosofia e à Ciência.

Serviço:

Santa Maria D'Oeste
João Rosa de Castro
Scortecci Editora
Contos
ISBN 978-85-366-5450-8
Formato 14 x 21 cm 
120 páginas
1ª edição - 2018

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