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VIOLA FERIDA / Carlos Roberto Santos Araujo

Carta à minha mãe - Cerzideira de lavras e palavras, costureira do ardor e da memória, Remendavas os dias prisioneiros dos bordados. No interior de tua solidão sem lágrimas, Desafiavas o alpendre, Elevavas torres orgulhosas, A céus nem sempre unânimes, Pois trânsidos de nuvens. Relâmpagos cintilavam nos teus olhos, E chuvas molhavam-te os lábios pressurosos, De vinho purpúreo, Sabendo a sangue de martírios e avelãs. Chegou-te então a hora dos destroços, Teu corpo se quebrou sobre teus próprios ossos, As estruturas da casa saltaram, Nos ares, aos pedaços. O telefone rompeu o silêncio da madrugada, Anunciando o fim da tua longa espera. Agora que o sol da tua pele dissimula os últimos revérberos, A noite desce sobre os arrozais dos teus cabelos, Dissolve os campos de ontem, transforma em cinza o trigo do teu ventre. Teu corpo se verga como folha seca, Não mais respira, pelos poros dos instantes, O ardor violento do dia que se esvai, Enquanto a tua fronte se eleva lentamente às dimensões perenes, Como rosa colhida na manhã da véspera".

Carlos Roberto Santos Araujo nasceu em Ibirapatinga, região cacaueira da Bahia, em 1952. Adolescente, mudou-se para São Paulo com a família e ali venceu, em 1970, com a coletânea de poemas Lira dos dezoito anos, o Concurso Governador do Estado, categoria Estímulo, cuja Comissão Julgadora, para Poesia, era constituída por Péricles Eugênio da Silva Ramos, Oliveira Ribeiro Neto e Osmar Pimentel. Formado em Direito, pela tradicional Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e, depois, na Bahia, onde ingressou na magistratura em 1981. Publicou os seguintes livros de poesia: Nave submersa, 1986, Lira Destemperada, 2003 e Sonetos da Luz Matinal, 2004. É juiz de direito em Salvador.

Serviço:

Viola Ferida
Carlos Roberto Santos Araujo
Scortecci Editora
Poesias
ISBN 978-85-366-1073-3
Formato 14 x 21 cm - 104 páginas
1ª Edição 2008

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