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O legado que Duílio Iannaccaro nos deixou

Duílio Ianaccaro escreveu um livro, lançado em, 2001 e cuja sinopse foi publicada à época pela coluna: Do Tireno ao Atlântico, a candura na fala de um ragazzino (Scortecci Editora). O autor partiu recentemente.
O livro que Duílio deixou é de crônicas ligeiras e saborosas. Muitos falam do Grande ABC. Concetta, filha de Duílio, nos enviou fotos pessoais da família. As imagens sintetizam esta jornada de vida e mais pessoal do autor, e que não estão no seu livro. São imagens que nos acompanharão hoje e amanhã.
E como complemento das imagens, um pouco do texto de Duílio Iannaccaro, escolhido ao acaso, para que estudiosos, em especial os das novas gerações interessados na nossa memória, procurem pelo seu livro, que também é uma aula de história contemporânea.

Papá No Brasil

No ano de 1923, quando eu estava com quase quatro anos, papá imigrou novamente ao Brasil. Morou em São Caetano, em busca de melhores dias para nossa família. Neste local começou a trabalhar numa fábrica de vidros, pertencente ao Senhor Júlio Barone.

Como não havia serviço em São Caetano, foi obrigado a ir trabalhar como mateiro no Alto da Serra. Este emprego foi concedido pelo Senhor Brusco, também nosso paesano. O trabalho era muito perigoso, primitivo, executando só o machado. Além disso, na mata havia muitas cobras venenosas, entre elas, a jararacuçu, a coral e a boazinho cascavel.
O serviço de mateiro consistia na derrubada das árvores, cortá-las na medida padrão para as caldeiras e dormentes da linha de ferro.


Cinemas. Festa Junina. Lembranças...
Em seu livro de memórias, Do Tirreno ao Atlântico, Duílio Iannaccaro (1919-2008), fala sobre salas de cinema. Destaca uma antiga sala de cinema de Vila Bela, em São Paulo, e o Cine Central, em São Caetano. Duílio já frequentava esse dois, mais o Cine Parque, em São Caetano, na década de 1920. Nenhuma dessas salas sobrevive.

Das crônicas sobre esses antigos cinemas, seguem dois trechos da prosa de Duílio Iannaccaro:
1. "Com quinhentos réis que eu ganhava, já podia ficar em frente à bilheteria, pedir meia entrada para a Mafalda, que era filha do Sr. Maximiliano Lorenzini, que atendia na bilheteria, em meio ao aglomerado de crianças pedindo a entrada."
2. "Era costume no final do ano e Natal, o Sr. Maximiliano distribuir balas às crianças." E por estarmos em tempo de festas juninas, destacamos trechos de outra crônica que Duílio inseriu em seu livro sobre o tema.

Noite De São Pedro
Os meninos como eu ficavam de pé no chão e as meninas calçavam as ramoninhas. Brincávamos com fósforo de cor, estrelinha, track. Eu gostava de soltar buscapé nas meninas para assustá-las, que davam aquele gritinho com alegria, mas, sufocando o susto.

Assavam batata doce, cozinhavam pinhão, estouravam pipocas e não faziam quentão porque da festa sempre participavam muitas crianças. A festa estava animada quando de repente apareceu um homem bem trajado. Era o fogueteiro. Aquele que soltava os rojões. Antes de começar arregaçava as mangas do paletó mostrando a alvíssima camisa branca e exibia uma grande técnica: segurava com uma mão o rojão já com a vareta no chão e com a outra encostava brasa de seu famosa charuto Toscano no pavio do rojão.

O rojão subia com os aplausos de alguns e sustos de outros que estavam distraídos dançando ou ao redor da fogueira, que cada vez mais forte, estalava os galhos das árvores mais verdes.


Santo André - 1964.
Família constituída:
Concetta, Duílio, Thereza,
Guido Antonio e Tadeu


Fonte: Diário do Grande ABC - 24.06.2008. Por Ademir Medici



Do Tirreno Ao Atlântico - A candura na fala de um ragazzino
Duilio Iannaccaro

Scortecci Editora
Biografia
ISBN 85-7372-578-8
Formato 14 x 21 - 196 págs.
1ª edição - 2001

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