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OFICIALATO MECÂNICO E ESCRAVIDÃO URBANA EM MINAS GERAIS NO SÉCULO XVIII / Geraldo Silva Filho

Parte considerável da historiografia, não sem contestação, tem insistido nas singularidades do processo colonizador da região mineradora da América portuguesa. Polêmica à parte, parece inequívoco que certas facetas daquele contexto histórico evidenciam especificidades. Uma delas é a produção artística e o mercado de trabalho que se desenvolveram nas Minas Gerais do século XVIII. Para não ir longe, basta recordar que a ausência do estabelecimento de ordens religiosas, os esgarçados liames corporativos entre os oficiais mecânicos e o intenso e desordenado afluxo desses profissionais em direção àquela área determinariam traços distintivos nas artes plásticas e na arquitetura ali produzida.
Não obstante tal peculiaridade, são parcos os estudos sobre ela realizados. É verdade que, felizmente, tal escassez vem sendo suprida, em especial, pelos trabalhos advindos dos cursos de Pós-graduação. Nesse âmbito, insere-se a dissertação de Mestrado de Geraldo Silva Filho, apresentada à Universidade de São Paulo, em 1996, e que ora se publica. Naturalmente que, de lá para cá, quando nada, novas investigações se realizaram, novos conjuntos documentais foram visitados ou tiveram o seu acesso democratizado. O trabalho de Silva Filho, no entanto, não perdeu o seu vigor e a sua originalidade. Com efeito, o título, Oficialato mecânico e escravidão urbana em Minas Gerais no século XVIII, já anuncia a originalidade de que o texto se reveste. O recorte é claro: não desconhece a forte presença e atuação de artistas, artífices e artesãos brancos, mulatos e negros alforriados.  Seu objeto, porém, são os negros escravos. Seu enfoque, a análise do perfil e da obra dos oficiais mecânicos escravos na Vila Rica setecentista.
Para levar a efeito sua proposta, Silva Filho concentrou no terceiro (e último) capítulo do texto estudo em torno da estrutura organizacional dos referidos ofícios mecânicos. Desenvolveu-a à luz de rico acervo de fontes proveniente da Câmara Municipal de Ouro Preto, com destaque para as cartas de exames de ofícios e as provisões exaradas por aquele órgão, onde se expressam a subordinação e o controle que este exercia sobre o dito oficialato. Demonstra a marginalização em que os oficiais mecânicos escravos vilarriquenses se encontravam. Os substanciosos dados recolhidos naquele acervo documental facultaram ao autor a feitura de quadros e estatísticas que, por seu turno, proporcionaram-lhe o sempre imprescindível exercício das ilações e inferências. De várias delas, Geraldo dá conta no texto; outras, generosamente, indica e oferece a futuras pesquisas. Assim, bem-vindo seja este livro, pelo que apresenta e pelos horizontes que abre!
Caio Boschi / PUC-MG

Geraldo Silva Filho é mineiro de Belo Horizonte, onde se graduou em História pela Universidade Federal de Minas Gerais.
É mestre em História Social pela Universidade de São Paulo/USP e doutorando no programa de pós-graduação em História Social também na USP. Atualmente é professor assistente na área de História do Brasil-Colônia na Universidade Federal do Tocantins, onde já exerceu o cargo de diretor do Campus de Porto Nacional. Além de professor de História e historiador, o autor é também poeta.

Serviço:

Oficialato Mecânico e Escravidão Urbana e, Minas Gerais no Século XVIII
Geraldo Silva Filho

Scortecci Editora
História
ISBN 978-85-366-1292-8
Formato 14 x 21 cm - 148 páginas
1ª edição - 2008

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