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Quando a Tarde é de Sol - Por Miguel Paião

Jornal Democrata - Ao chegar em casa na tarde de terça-feira, 12, fui surpreendido por um Sedex de Guarulhos. O remetente, Gasparino José Romão.

Como bom curioso, fui rapidamente abrindo o grande envelope marrom dos Correios para descobrir o que havia em seu interior.

Grata surpresa. Gasparino me enviara sua última publicação - "Quando a tarde é de sol". Ou melhor, sua penúltima, pois segundo ele, a última ainda está por vir.

A obra de 256 páginas foi lançada no ano passado pela editora Scortecci - é sua 21ª publicação.

O prefácio, redigido por ele, deixa claro não ter pretensão de ser chamado de escritor. Entretanto, sempre carrega a vontade indomável de jogar fora o que a mente delineia o que, com publicações, vêm aos poucos realizando.

Na obra, ele usa da pureza de um menino do interior de Minas e a maturidade ilibada de um homem da cidade grande para construir e compartilha com os leitores às indeléveis lembranças de sua vida.

Conta suas passagens e causos que vivenciou e ainda cita cidades como Guaxupé, Casa Branca, Mococa, Monte Belo, terra onde nasceu, entre outras.

Segundo o próprio Gasparino, o livro não chega ser uma obra da história de sua vida, mas lembranças sem nenhuma cronologia, esparsas no tempo. Rastros, reminiscências ao longo dos seus 80 e poucos anos bem vividos.

Como bom mineiro, no capitulo Memórias (pág. 171) ele fala do amor pelo seu Estado. "Na minha Terra você ainda topa pelas estradas com o campônio de chapéu de palha, enxada no ombro, regressando, ao tombar da tarde, do seu roçado, assobiando uma música que ele ousa, às vezes, cantar ao compasso da viola, nas suas horas de solidão".

Suas histórias me fazem lembrar, um pouco, as que eram contadas pelo meu querido avô Chico e sua meninice e juventude na vizinha Tapiratiba.

Felizmente eu tenho outros títulos de Gasparino, e por isso posso viajar com ele e respirar um pouco dos ares mineiros de outrora: "Um dia falaram que eu era um Poeta", "O Instante Esquecido", "Anoitecer" e "Nos Mata-Burros da Minha Estrada". O último retrata a vida simples do autor na cidade de Monte Belo, Muzambinho e depois Guaxupé. No livro O Instante Esquecido, ele dá continuidade à suas lembranças. Já os outros dois - Anoitecer e Um dia falaram que eu era poeta, ele deixa um pouco de lado os seus contos e suas memórias para mostrar o seu lado de poeta.

O autor

Ele nasceu na cidade de Monte Belo, estudou os primeiros anos em Muzambinho. Em 1938 ele foi morar em Guaxupé, onde estudou no Ginásio Diocesano São Luiz do Gonzaga. Em meados da década de 40 muda-se para Guarulhos para continuar os estudos e mais tarde tornar-se advogado. Aos poucos sua família também se muda para cidade paulista.

Atuou por muitos anos como advogado, é membro e também um dos fundadores da Academia Guarulhense de Letras, e ainda membro da Academia de Letras de Campos do Jordão.

Eu o conheci em Guaxupé, em 2006, quando ainda trabalhava no Jornal da Região, através de um dos seus amigos de colégio, que no momento não me recordo o nome. Essa pessoa teria me informado que Gasparino estaria lançando um dos seus livros. Como tinha fortes laços com a cidade e com a região, decidi fazer uma matéria falando do mineiro que acabou se tornando advogado e exímio escritor na cidade de Guarulhos.

Falei com ele algumas vezes por telefone. Colhi as informações necessárias e pedi fotos. Depois de pronta a matéria e impresso o semanário, enviei-lhe um exemplar da edição.

Meses depois, em uma de suas visitas à cidade, Gasparino e sua simpática esposa, Dona Celina, foram à redação do Região me visitar. Quando o vi, se materializou diante de mim uma pessoa sensível que cativa e conquista, mas que conhecia apenas pelo som do telefone.

Depois disso, mesmo saindo do jornal mineiro, em julho de 2008, mantivemos contato e a nossa amizade só tem aumentado. 

Outras obras:

- Inverno de Fogo (poesias)
- Guarulhos (história da cidade)
- O Estado e a Constituinte (direito)
- Pelas estradas do Mundo (crônicas e meditações)
- Quando o sereno cair... (poesias)
- Vamos conversar com Deus (meditações)
- O Enigma de Judas (pesquisas)
- Sempre é bom lembrar (memórias)
- Um canto na tarde que cai (poesias)
- Turbulência (poesias)
- Lembranças que não se apagam (memórias)
- Nos caminhos do Senhor (relatos)
- Curso de Direito Administrativo (inédito)
- Entardecer (poesias)

Por
Miguel Paião

 
Fonte: Jornal Democrata

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