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DITADOS E DITADURAS – O AMOR E OS ANOS 60 / Bia Raick

QUEM VIVEU VAI REVIVER. QUEM NÃO VIVEU VAI CONHECER! Prepare o seu coração, caso não tenha, arranje um só para ler essa história de amor único (toda história de amor é única) na radiografia de uma época marcada por drásticas mudanças e absurdas contradições, abrangendo as gerações posteriores e cujos reflexos estão ainda presentes. O jovem, que até então não existia num mundo só de adultos e crianças, ganhou num golpe a sua identidade; e no mesmo golpe o país perdeu a dele. Jovem ou não, ninguém mais tinha o direito de falar, escrever, votar, escolher, ir e vir. Trágico. Não mais havia liberdade cívica; agora era a sexual e outras liberdades. Mas o amor, que nada sabe disso tudo, continuava na dele. Tema dominante, situa-se acima da tragédia, da violência, da magia, da autoajuda e do terror, embora tudo faça parte da história assim como faz da vida. O mel e o fel. Corremos atrás do mel e o fel corre atrás da gente. Fiquemos com o mel. O livro não é um água com açúcar, mas um pouquinho a mais de mel não há de fazer mal nenhum. Pelo contrário...

Como era ser jovem nos anos 60? Era novidade. Isso mesmo. Até então, o jovem não existia: ou se era criança ou adulto. Então, de repente, o dique se rompeu e a água represada jorrou incontrolável e arrastando tudo o que encontrava pela frente, ‘‘descobrindo’’ o jovem. Para os pais e educadores era um pesadelo; para os jovens, novidade de vida. Era a saia que subia e a pílula que baixava o decreto da liberdade sexual; era a Ditadura Militar e a ditadura da moda, dos costumes e comportamentos, afetando os lados politico-social, cívico, moral, emocional e espiritual. O jeito de amar era afetado, tudo era afetado, tudo era liberado... e confundido. Mas o Amor continuava onde sempre esteve, imune e soberano. Toda história de amor é única. E é essa unicidade que faz de cada uma delas algo original e extraordinário. O livro narra uma história de amor único entre os salpicos do Amor Universal, os abismos da alma humana e uma página da nossa História. A MPB registrava tudo para a posteridade e a Jovem Guarda embalava os sonhos, preservando, acima de tudo, a luz das infinitas riquezas que se encontram nos atos simples de viver e amar.

A história se passa na década de 60 com flashs em 58 e vai até o início dos anos 70. Cecília, uma jovem de 18 anos, protagoniza o jovem daquela época, de mudanças bruscas e pais confusos diante delas, quando o cinismo era moda e Deus escarnecido (ai de nós!). Valores tradicionais eram derrubados e não se colocava nada no lugar deles; cada um construía o seu. Menina bem comportada, criada nas convenções precisas, amante dos livros, ela começa, na adolescência, a enxergar através deles e passa por uma tremenda crise existencial. A psicanálise despontava mas não havia chegado ainda à classe média e ela se debate, sozinha, procurando respostas às perguntas que nem ao menos consegue formular. No estudo da metafísica, ela julga ter encontrado o socorro de que precisava e resolve cuidar de si mesma, preservando-se de qualquer tipo de sofrimento; decide que não tem vocação para tal. Surge então uma jovem mulher que pretende e tem a certeza de poder controlar o destino. Até que se apaixona. O homem, Alain, um francês dezessete anos mais velho, é homem que sabe das coisas. Ele também a ama. Enquanto vive o amor dos vinte anos, ela acredita que está vivendo uma experiência, que é “inatingível”. O homem a toma pela mão e a apresenta à vida, ensinando-a a trabalhar, a viver e amar... e se afasta. Ela vem a conhecer então aquele tipo de sofrimento do qual ela costumava zombar nas outras pessoas, julgando-se imune. Encalhada na perplexidade, ela pressente que outra dor se aproxima. Tendo decidido manter-se alienada dos acontecimentos trágicos, da brutalidade abjeta que teve inicio na Revolução Militar de 64, ela vê caírem por terra suas defesas quando pessoas queridas começam a desaparecer. A prisão e o exílio de um compositor que como ela era politicamente alienado a coloca brutalmente frente à realidade nua e crua. A humilhação pela impotência e a revolta o ódio e a dor chegam finalmente, ocupando o lugar que lhes era devido e se transformando, na vida dela, num sombrio pano de fundo. Ela percebe então o quanto ama o seu país. Um sofrimento não anula o outro, pelo contrário, juntam-se e ela tem de aprender enquanto se esforça para fazer da sua vida o melhor que pode.

Um dia, revê o amado amante e combinam de se encontrar. No reencontro, ele se mostra saudoso e conciliador; ela, armada e cautelosa. De repente todo o ressentimento acumulado vem à tona quando ele, distraído, lhe diz algo que a atinge feito um raio. Toda a mágoa e a revolta irrompem, explodindo numa raiva cataclísmica que põe abaixo a casa onde ela vinha habitando, a casa que não dava mais reforma, nem conserto nem remendo. Só os alicerces permaneceriam. A raiva dura algum tempo e quando passa deixa um saldo positivo. Ela percebe que no último ano, tinha vivido refém daquele amor e sente brotar em si um desejo intenso de libertação. Alain. No fundo de si mesma ela corta a ligação. Risca-o da sua vida de uma vez e “para sempre”. Sente então um grande alívio e euforia diante das possibilidades que o mundo tem para oferecer. Vai em frente enquanto observa aquele regime absurdo e grotesco abrindo chagas nas mentes já formadas e deixando vazios nas mentes ainda em formação, vazios que jamais seriam preenchidos. Vê com amargura, a imagem da pátria-mãe ser destruída para nunca mais ser resgatada; vê o cinismo tomar o lugar do nativismo; antevê a formação de uma geração cega e deformada, sem pátria no coração e sem Deus no espírito. O materialismo de mãos dadas com o ateísmo faz com que ela recorde sua própria infância e adolescência, ela sofre pensando em que tipos de adultos se transformariam as crianças de agora. Sofre mas vai em frente. Aos 25 anos é uma mulher bem-sucedida, bem resolvida e cheia de projetos e excitamento. Mas aí ... A luta pela vida nada mais é do que a luta para atender ao desejo inerente à toda alma humana: o de ser feliz. Tomara que ela consiga. Afinal, foi para isso que Deus nos criou, a nós seres humanos. Para sermos felizes.

Bia Raick, nascida em Londrina (PR) em 1942, escreve desde menina ‘‘por escrever’’ sem nunca ter tratado de nenhuma publicação. Paisagista e jardineira, mora numa “cabana” que ela mesma projetou, junto à Mata Atlântica, na região de Cotia (SP). Não sabe explicar o porquê de ter deixado o romance engavetado por mais de 20 anos. Cristã convertida, ela cita a Bíblia: “O tempo de Deus não é o nosso”.

Serviço:

Ditados e Ditaduras
O Amor e os Anos 60
Bia Raick

Scortecci Editora
Romance
ISBN 978-85-366-1734-3
Formato 14 x 21 cm 
160 páginas
1ª edição - 2010

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