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CRÔNICAS DE UM AUTOEXILADO / Aguinaldo da Silva

Que ele havia sido vendedor de cocada, seminarista, guia turístico, treinador de sobrevivência na selva, fotojornalista, cantor de rock, dono de bar e de posto de gasolina, tudo isso eu já sabia. Mas foi neste ano que descobri, em cada crônica lida e relida, o talento de meu pai para a literatura. É incrível vê-lo completar 60 anos sem nunca deixar de me surpreender. Prova de que muitas vezes a busca pela novidade é um simples exercício de observação. E foi exatamente isso o que fiz enquanto revisei os textos do meu mais novo velho amigo. Tive, durante esse processo, a rara oportunidade de olhar para meu pai de uma perspectiva inédita. Conhecer sua história e, a partir dela, melhor compreender a minha. Me divertir, reconhecendo as origens do meu humor, e me emocionar, descobrindo as raízes da minha paixão pela literatura e pela música.

Este livro é um exemplo de que toda vida merece ser transcrita. Melhor ainda assim, quando o vivente possui os recursos necessários para transcrevê-la. Por isso, não há nada mais valioso para mim que poder conhecer a história de meu pai contada por ele mesmo. Ter hoje nas mãos o cumprimento de um tempo anterior a mim, e a descoberta do outro lado daquilo que vivi com ele. Foi tudo muito fácil. Revisei nada mais do que com amor: a sutil e exata medida que une um filho a seu pai. Li, afinal, com a atenção que só o afeto permite, dotado de uma eterna admiração cada vez menos cega, e com a certeza de que, um dia, minhas mãos saberão também continuar as suas histórias. Os nomes na nossa família são uma verdadeira comédia. Meus pais, por razões até hoje inexplicáveis, decidiram que todos os seus filhos teriam nomes que começariam com A. E aí foram nascendo Adamor, Agenor, Auriberto, Aldamir, Aglair, Adair, Aglanaides, Alcimira, Adalberto, Aguinaldo e Alcimarina. Não acredito que meus pais tenham sido muito criativos na vida, mas em matéria de escolher nomes para os filhos eles eram imbatíveis.

Ganhariam qualquer campeonato. De onde eles tiraram esses nomes não posso nem dizer, porque isso não me foi explicado até hoje. Com nossos filhos as coisas foram melhorando um pouco. Surgiram Renato, Neuza, Angela, Carlos, Renata, Nícolas, Camilla, Poliana, Marcelo, Larissa, Giuliano, Vera Lúcia, Victor, Paloma, Orotíles (sem comentários), e os nomes duplos pomposos que foram ajudando a enfeitar a árvore de natal genealógica da família como Cristiane Patrícia, Sérgio Murilo (nome de cantor de rock nos anos 50). O baixinho, meu irmão, caprichou. Dele surgiram Sandro Robinson, Tony Richardson, Sirley Marcelle e Sandra Valéria. Para escolher esses nomes acho que ele foi até Hollywood, deu um pulo no sul da França, passou por Madri e voltou.

Aguinaldo da Silva nasceu no Amazonas e é consultor de empresas há 30 anos. Foi repórter do jornal “A Crítica” em Manaus de onde saiu em 1973. Trabalhou grande parte da vida em empresas multinacionais até criar a própria em 1987. Hoje é presidente e um dos sócios da Thomas International América, nos Estados Unidos, responsável também por toda América Latina. Vive hoje na Flórida, com sua mulher, Lisa, e seu filho, Nícolas, em uma cidade chamada Pembroke Pines, de onde escreve suas crônicas para um jornal brasileiro nos Estados Unidos chamado Brazilian Paper, e envia cópias para um grande grupo de pessoas que recebem diariamente suas crônicas antes do café da manhã.

Serviço:

Crônicas de um Auto exilado
Aguinaldo da Silva
Scortecci Editora
Crônicas
ISBN 978-85-366-0632-3
Formato 14 x 21 cm 
136 páginas
1ª edição - 2010

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