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O ENTREGADOR DE SONHOS / Wagnei Fonseca Pichelli

Um sonhador com mais ou menos intensidade em seu trabalho visceral, dotado de inocência inata pelos caminhos da sensibilidade, a estrada sem retorno da existência. Ousou resgatar o sol na ilusão de socorrer seus dias sombrios. Sabiamente aconchegou-se na morte, não como solução definitiva; suas nuances eram muitas, seus acasos silenciosamente eram guardados na inconsciência.

Acreditava que a morte iria socorrê-lo dos valores e verdades que não tinham mais validades. Antonio, porque despertastes do sono comum a todos nós? Caminhastes na madrugada ouvindo murmúrios, não recusastes suas propostas inverossímeis e, eis o inicio de todo esse drama. Ocultos sob as palavras existem muitos naufrágios...! No tempo da ditadura, relembra o pau de arara - o suplício - a prisão, em que os presos se socorriam na ilusão mórbida do continuísmo...! ...não tinham a agilidade no manuseio das palavras, os olhos ganhavam uma direção única, doentios, insanos! Antonio percebia a química de seu corpo deslocar-se; transfiguração em espírito!

...amarrado numa cabalística curvatura, os dois punhos entrelaçados, os joelhos transpassando (por dentro) dos punhos ficavam erguidos o suficiente para deixar passar um longo pedaço de madeira redondo que em suas duas extremidades ficavam assentados em duas escrivaninhas... O corpo balançava tão inútil no espaço! Jamais tinha percebido a dor tão de perto! A rouquidão dos lamentos filtrando daquele corpo ali exposto! Que segredo poderia ter? Ah, Antonio, na verdade de seu único amor... Verdade, verdade!

Grita dentro de si mesmo para o labirinto que se tornou a existência. Você sabe desde o início que será morto pela verdade. Um outro valor imperativo: você pensa sobre isso com uma calma e uma fidalguia impressionante e se desfaz do corpo. Que segredo poderia ter? Tantas vezes socorreram Antonio com palavras infiéis (com a arrogância do humano desprotegido!). Serenamente atento às discórdias que ouvia; as mãos invisíveis que o tocavam causando arrepios! O frenesi instantâneo da pai-xão percorrendo amiúde seus olhos incompletos. O leque das sensações infiltrando mansamente ora abrasando o sentimento em loucura! Antonio aplaca sua ira num grito imenso, silencioso... dentro de si mesmo!

O que Antonio viu foi o precioso tormento que precisou, que aos poucos se foi diluindo - como aquelas palavras escritas na areia - e a sensação de inutilidade, o descaso completo atingiu-o em cheio! Pensou na morte. Antonio pensou na morte mais horrível aos olhos dos outros para causar aquele profundo espanto de terror! “Queria melindrá-los em sua auto aflição”! A insipidez aproximou-se dele lentamente, recuperando-se nele o gosto para a doce tristeza que invariavelmente acompanha as grandes tragédias. Antonio sentiu o prazer esmaecido adornando seu corpo em luz... Teve que se revestir da armadura dos aços mais duros para conseguir se estender vivo na presença dos mortos.

Wagnei Fonseca Pichelli, nascido em Osasco, 1946. Tem vários livros escritos, sempre repudiando a vulgaridade insistente como mestra para uma existência de desencontros. O que se chama de contemporâneo é uma vestimenta para os fragilizados, aqueles que ainda não entenderam o que hoje surge como novo (é apenas aquilo que foi esquecido). Este é o primeiro livro publicado (O entregador de sonhos).

Serviço:

O Entregador de Sonhos
Wagnei Fonseca Pichelli
Scortecci Editora
Ficção
ISBN 978-85-366-2230-9
Formato 14 x 21 cm 
116 páginas
1ª edição - 2011

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