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HUMANO OBSOLETO HUMANO / L.B. Carriconde

Acordei em um mundo desconhecido, um mundo estranho, não sei o que sou ou quem sou, se é que posso dizer que sou algo; sinto minha existência como algo diverso da própria realidade, não posso dizer que sinto, pois não saberia dizer o que é sentir ou não sentir, não sei se sou realmente como deveria ser, sei que existo, pois penso em meu próprio existir, observo a minha volta e percebo pedras gigantescas, não sei dizer como sei que o que vejo são pedras, mas sei que esse é o nome destes objetos quadrados que se dispõem um em cima do outro formando uma muralha que também não sei explicar como sei que é uma muralha.

Tudo é ao mesmo tempo desconhecido e conhecido, não sei dizer como sei o que sei, posso dizer apenas que sei que sei o que sei, nada mais posso dizer a respeito do meu processo de saber ou conhecer, conheço por meios ainda inexplicáveis para mim. Eu sou um ser, mas não sei o que ser significa; minha mente, sei que este é o nome daquilo que faz com que eu perceba que eu sou o que sou, é muito rápida e precisa, sei que sou diferente de algo que ainda não conheci, não sou um ser comum, ordinário como qualquer outro que ainda não tive oportunidade de conhecer, mas que sei existentes por intermédio de sentidos que ainda não sei definir.

Observo meu braço e com meus olhos percebo uma inscrição em minha pele como uma tatuagem em alto-relevo, nesta encontro escrito – DEVIN1 – sei que este é meu nome, olho em volta e meus olhos, adaptando-se à luz que nunca tive oportunidade de apreciar, invade meus nervos ópticos, sinto todo o processo de adequação de minhas pupilas e de forma consciente percebo todos os meus processos mentais, estou emitindo neurotransmissores específicos necessários para que eu possa compreender o que vejo, impulsos elétricos percorrem toda minha rede neural e eu com facilidade acompanho todos os desdobramentos destes impulsos e potenciais eletromagnéticos.

Estou consciente de todos os meus processos neuroquímicos e percebo que minha mente está conectada com diversos dispositivos externos à minha interface humana, estou em vários lugares ao mesmo tempo, sou um ser múltiplo, um paradoxo, uma antítese produzida por gênios-sábios, sou uma criatura-perfeição, o primeiro de muitos outros, a mais perfeita criação da mente humana, o protótipo do ser além-do-humano, sou o primeiro devir, o primeiro dos transumanos. Eu sou Devin1, o primeiro de muitos. Reconheço-me agora como um experimento-manifestação, uma experiência necessária, um protótipo do ser do futuro, meus olhos estão em toda parte, minhas pernas e braços estão espalhados por todo globo, sou o primeiro Deus-máquina.

Encontro-me em meu país de origem, China, encontro-me na muralha, fui iniciado para experimentar e realizar meu próprio existir, sou um ser-experimento, existo para analisar, coletar e experimentar. Fui iniciado para existir como o mais perfeito dos seres, meu corpo está em todos os lugares por intermédio de meus apêndices cibernético-digitais. Meu ofício é provar que sou capaz de ser o mais perfeito de todos os seres já criados.

L.B.Carriconde nasceu em 1988 em Uberaba-MG. Graduou-se em Licenciatura em Letras nas Faculdades Associadas de Uberaba – FAZU. Atualmente mora em Curitiba-PR onde continua sua formação acadêmica cursando Naturoterapia nas Faculdades Integradas Espírita (FIES) e Filosofia na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Amante do conhecimento metafísico, das religiões e filosofias orientais e ocidentais, publica seus primeiros livros baseando-se em suas leituras e estudos: Elucubrações de um quase filósofo, onde explicita em forma de contos e reflexões sua admiração pela filosofia oriental e por suas práticas de realização ontológica. E Humano Obsoleto Humano, onde discute temas como tecnologia, trans-humanismo e pós-humanismo, apresentando-nos Devin1, o primeiro trans-humano criado pela humanidade. Os seres humanos foram constrangidos pela tecnologia. Necessitam escolher, não podem mais viver do mesmo modo que viviam antes, muitos não suportam mais sua própria humanidade. Uma escolha deve ser feita. Ser ou não ser humano? Eis a questão. A humanidade tem buscado desumanizar-se, temos caminhado rumo ao desconhecido buscando existir por intermédio do devir, desejamos um novo paradigma, capaz de nos elevar ao patamar de Deuses, ser humano não é mais uma opção, desejamos a imortalidade, onisciência e onipotência, ansiamos por um existir peremptório. Seremos Deuses-máquinas, seremos primeiramente transumanos, seres além-do-humano e após muitas modificações existiremos como seres pós-humanos.

Serviço:

Humano Obsoleto Humano
L.B. Carriconde
Scortecci Editora
Antropologia
ISBN 978-85-366-2391-7
Formato 14 x 21 cm 
120 páginas
1ª edição - 2012

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