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OUTONO DO MEU TEMPO / Fernando Szegeri

O leitor, num primeiro momento, pode achar que este é um livro de perdas: o sumiço do número de telefone da mulher amada, o perdão desaparecido com o fim do Carnaval, a Noite arrancada do peito. A perda de um balão inacabado que se finge de estrela ou a quase morte do boêmio ao perceber-se incapaz de viver todas as improbabilidades da existência. Os lugares que não estão mais onde foram deixados,  o sentido de tempo que gera a falta de sentido da vida. A porta fechada de um “butiquim”.

O amor que se perdeu. A perda de si próprio. As perdas: um livro todo de ressentimentos. Pois ressentimento é a palavra-chave que desvenda os ressentidos de Szegeri, os outros sentidos revelados por ele. Não o ressentimento significando rancor, a mágoa guardada. Mas sim, o tornar a sentir, o sentir de novo. É ele mesmo quem conta que “todos raciocinam da mesma maneira, tempo, espaço, causa, efeito; mas se ninguém sente da mesma maneira, sentir de novo o mesmo, ressentir, é a prova da existência singular. Uma singularidade fundada pelo ressentimento”. As crônicas de Szegeri vão no sentido contrário do rancor e da nostalgia esvaziada: seu tempo é hoje, tal qual o tempo  de Paulinho da Viola manifestado pelo redesenho dos versos de Wilson Batista.

Mas se o ressentir subverte a própria necessidade do tempo, hoje (e continuamente) Szegeri nos escancara as portas d’água “navegando pelas margens”, nos fazendo sentir de novo, sentir profundamente cada emoção, cada sonho. E nos revelando a profunda humanidade do mundo. Szegeri não perdeu nada, pois tudo está nele: todos os seus (res)sentimentos. Seu livro é um “grito liberto” pra “desanuviar o peito”. Szegeri não perdeu nada: ele nos encontrou. E cada um de nós, por ele, se encontrou também.
Caio Silveira Ramos

O menino do Rubem Braga. Confesso a você, Fê, que não li o livro antes de te escrever. Sei que são reflexões sobre amor, arte, vida, morte, encontro, melancolia, liberdade, herança, angustia, inquietação. Não precisei ler porque te conheço, Fê, meu “casamento” mais duradouro. Faz vinte anos que convivemos. Em duas décadas a gente escreve livros, forma famílias, muda de país, prospera com um negócio. Nestes 20 anos eu compartilhei da tua vida, Fê. E te digo: “Que Alegria, meu irmão!” Ri tanto contigo, né? E o quanto choramos, Fê? Um rio de lágrimas, um toró de lágrimas, de transbordar o Amazonas. Choramos despudoradamente quando a Iaiá nasceu, quando o Lula ganhou e o Palmeiras conquistou a Libertadores. Viste que os choros são todos de alegria.

Choramos tanto de rir. Mas nem só de risos e lágrimas é feito o homem. O Fê é bom de briga: indignado, inquieto, contundente. Espanta e desconcerta quem não conhece a fúria, a intensidade, a majestade que se agiganta. Kawo! Por parte da mãe, dona Cecília, descende de família de negros do carioquíssimo bairro do Engenho de Dentro. Do pai, Seu José, de ascendência austríaca, conservou o amor pelas mulheres, pela boemia e pela bebida. Como “enxuga”, o Fê. Preto, austríaco, carioca é o Fê. Só podia mesmo ser paulistano “como o mundo todo”. Conversa comprida é falar do Fê e do grande coração que ele tem. Desconfio que ele é o menino com o coração fora do peito que nasceu em São Paulo pela ficção doce e amorosa do Rubem Braga. O coração do menino queria sentir o vento batendo, as folhas de outono, a vida de toda gente. Saber desse mundão que é o Brasil. Ele partiu.

E deixou uma parte do coração em cada cidade, sertão e cafundó. Pasmem, vive até hoje aqui e tem um coração maior ainda. Outro dia o encontrei no boteco, debate em curso, copo na mão e lembrando de um samba que era “o mais lindo do mundo”. Fora do peito, o coração batia forte. Era mesmo o Fê o menino do Rubem Braga.
Railídia Carvalho

As crônicas reunidas neste livro transcendem o espaço virtual em que foram publicadas originalmente. Elas rejeitam os contorcionismos de estilo – tão ao gosto da  geração egocêntrica e niilista dos escritores de internet – para se filiar à tradição literária brasileira, cuja fonte é a rua, posto de observação do cronista. Fernando José Szegeri tem o difícil dom de amar o Brasil. Não com o furor patriótico que eclode a cada Copa do Mundo, mas com o jeito caboclo de reconhecer e valorizar as coisas simples e profundas que fazem de nós o que somos. Seu olhar introspectivo de boêmio tímido não deixa de ser coletivo – como sói ao bom cronista. Popularizada pela imprensa, a crônica é o único gênero literário brasileiro. Szegeri não escreve em jornais, mas é repórter ao seu modo da alma de nossa gente e um  dos grandes autores contemporâneos a ser descobertos. Outono do Meu Tempo, seu livro de estreia, nos reconcilia com a humanidade do povo brasileiro.
Bruno Ribeiro

Serviço:

Outono Do Meu Tempo
Fernando Szegeri
Scortecci Editora
Contos
ISBN 978-85-366-2989-6
Formato 14 x 21 cm 
120 páginas
1ª edição - 2012

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