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ROMANCE RESGATA COSTUMES DO INTERIOR DESDE OS ANOS 20

São José do Rio Preto, 12 de Dezembro, 2012

Quem se encanta ao ouvir histórias cotidianas da vida no campo narradas por antepassados tem motivos de sobra para conhecer o livro “Retalhos da Vida de um Campeiro”, de Antonio Azeredo Pontes, 89 anos, morador de Rio Preto, que acaba de ser lançado. Numa linguagem fácil e rica em detalhes, o autor leva o leitor a uma viagem ao interior do Brasil das primeiras décadas do século 20, por meio de suas lembranças de costumes, crenças populares, festas, comidas e do modo do sertanejo relacionar-se com a natureza.
Na obra, o “Campeiro” é o narrador-personagem que conta suas vivências e visões a respeito do campo e das transformações ocorridas ao longo das últimas décadas. “Esse livro significa a realização de um sonho, e vai ajudar as novas gerações a conhecer um mundo que não existe mais. Naquela época, não tinha automóvel, telefone, mas a gente vivia, e não achava ruim”, fala Pontes, em sua casa em Rio Preto, durante entrevista ao Diário na manhã de ontem.
Pontes nasceu em 27 de setembro de 1923, na Fazenda do Cedro, em Paulo de Faria. Foi o filho mais velho de 11 irmãos e frequentou apenas as primeiras séries do ensino fundamental. Sempre trabalhou no campo, e, no entanto, a curiosidade e o interesse pelas palavras estiveram presentes o tempo todo em sua vida. O embrião do livro, por exemplo, foi um trabalho produzido por ele na década de 1970, quando matriculou-se num curso sobre folclore na Casa de Cultura. “Estudo tenho até a quarta série, mas sempre gostei muito de ler, e depois comecei a escrever por necessidade”, revela.
A obra traz observações sobre épocas bem distantes, desde quando o autor tinha apenas 4 anos. “O meu mundo de menino, que hoje pode parecer terrível ou difícil, era o mais natural, a minha única referência de vida. Naquele lugar, naquela época, na minha casa, não havia lugar para gente desocupada e desde muito cedo eu já estava participando da vida, ativo, curioso, tímido, acanhado, sensível e com grande vivacidade, sempre investigando aquele mundo - o meu sertão”, diz o autor, logo nas primeiras páginas do livro.
Pontes mudou-se com a família para Rio Preto em 1960, com o objetivo de estudar os filhos. Realidade bem diferente é retratada em seu livro - a da infância cheia de responsabilidades. “Quando eu era menino, filhos pareciam ser simplesmente mão de obra barata. Conforme iam crescendo, o seu serviço ia aumentando. Como o transporte era a cavalo, então se aprendia a montar bem novo, em um cavalo velho, manso. E, a partir daí, era trabalho que não acabava mais”, narra, em outro trecho.
Histórias curiosas como a de uma tia que teve a ideia de amarrar mel de fumo na cabeça de uma moça cheia de piolhos e a do homem que tinha fascinação por cobras e quase foi morto por uma jiboia são alguns dos “causos” que irão mexer com a imaginação do leitor. Pontes dedica o livro à mulher, Brasilina, 88, que o acompanha há quase sete décadas.
A obra tem 43 capítulos e foi organizado por Nilze Maria de Azeredo Reguera, doutora em Letras pela Unesp de Rio Preto, que também é neta de Pontes e assina o prefácio. O texto das orelhas é da professora Maria Tercília Vilela Azeredo Oliveira, vice-diretora da instituição e filha do autor. Algumas palavras utilizadas no livro, comuns à época narrada, são apresentadas de forma didática em um glossário.


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Fonte: Diario Web

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