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O SOFISTA / Carlos Paulo Matias

Sofisma... Será? Se os alunos soubessem o que é féria, teriam vergonha das férias! Não só os alunos – alguns professores também teriam vergonha. Estão acabando as férias escolares. Em alguns lugares já acabaram. Minha provocação, porém, é que se os alunos – nem todos – soubessem o que significa féria, teriam vergonha das férias. Explico: féria é uma espécie de salário ordenado que se ganha pela produção diária.

Férias é descanso, repouso, algo merecido, quando se tem uma ótima produção, ou quando se é engajado num projeto para produzir, aprender, saber, descobrir e fazer... Logo tiro do significado das duas palavras o que me parece ser a dinâmica de uma escola ou da educação no Brasil. Ou no mundo? Não sei, sou professor no Brasil...

Muitos alunos (mas muitos mesmo!), se pensarem que férias são muito boas e merecidas para quem tem também uma ótima féria, ficariam com vergonha de terem gozado férias. Pois o que tem de aluno “preguiçoso” sem o mínimo de vergonha na cara frequentando as escolas não é brincadeira. Há aluno que chega ao cúmulo de perguntar para o professor na primeira aula do dia, após dez minutos de aula:
– Professor, falta muito pra acabar? 

Piora a situação saber que não só os alunos não gostam muito de produzir; tem muito pai, que se você tentar, (porque você não vai conseguir), propor ao aluno (filho do infeliz) que pesquise, que vá atrás, que se esforce, o tolo vai procurar a direção da escola para dizer que o filho não aguenta mais, está ficando estressado e “blá-blá-blá...” Terminarei com uma pequena história. Aconteceu numa cidade que fica bem longe da nossa. Ou melhor, bem pra lá da divisa. Tem um amigo meu que é professor naquelas bandas, e conversando me contou o seguinte:

– Carlos, esta semana os alunos do terceiro ano do ensino médio retornaram de uma viagem a Porto Seguro. Quando chegaram, eu estava lá com os pais para recepcioná-los. Estavam também outros professores. Eis que um pai recebe o filho com o seguinte comentário: “Acabou a moleza, mocinho... De agora em diante quero ver você levar os estudos a sério!”. E um professor ao lado do pai reforça: “É isso mesmo! Estamos na reta final e agora é pra valer!”.

Faltando quatro meses para acabar o ano letivo, ou melhor (ou pior), faltando quatro meses para acabar a vida escolar de muitos alunos, visto que uma enorme quantidade deles para de estudar quando conclui o ensino médio, ouve-se pais e professores achando que agora é a hora de levar a coisa a sério... MAS SÓ AGORA? Alguém acreditou aí na história? Sem comentários...
Carlos Paulo Matias - Publicado no Jornal da Manhã, seção Opinião do Leitor, em 15/02/2014

O sofista é o quarto livro publicado de autoria do professor Matias. Antes dele vieram: As dez lições – Dez aulas que influenciaram a escola (2008), O aluno que queria entender o Brasil: ficou frustrado (2008) e Papocrítico – O livro dos inconformados (2011).

Em O sofista o autor retoma o tema que lhe é tão caro e faz parte de seu dia a dia: a educação. Usando da liberdade que a ficção pode proporcionar, leva o leitor, “quase sem querer”, a refletir sobre importantes questões envolvendo o ensino, mostrando que há, sim, caminhos para mudar a realidade de professores, alunos, pais e demais personagens que atuam nas escolas do país.

Carlos dos Passos Paulo Matias é professor efetivo da rede estadual de ensino de Santa Catarina, na Escola Luiz Lazzarin, no município de Criciúma, bairro Rio Maina; professor na Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC); e Historiador do Setor de Arqueologia da mesma Universidade. Pesquisador do Grupo de Pesquisa em Arqueologia e Gestão Integrada do Território Certificado pela UNESC. Atuando nos seguintes temas: Educação Patrimonial e Pré-História. Natural de Imaruí (SC), é ainda estudante (atualmente faz doutorado), mestre em Educação e graduado em História.

Serviço:

O Sofista
Carlos Paulo Matias

Scortecci Editora
Ficção
ISBN 978-85-366-3653-5
Formato 14 x 21 cm 
108 páginas
1ª edição - 2014

Mais informações:

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