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VENDE FRANGO-SE / Jailson de Almeida

As digitais continuam analógicas. Sempre convocadas para registrar minha existência. Em algum órgão público deve estar a impressão dos meus dez dedos. Os mesmos dez dedos que se tornam ferramentas da minha mente, do meu olhar, das minhas inquietudes, mais ou menos críticas, sobre tempos em que vivemos. Inquietudes movidas pela luz de pessoas interessantes, exemplos que acabam cruzando minha vida. Outras, nem tanto. Empurram-me para uma visão mais sombria. Um olhar de lamento. Um olhar de certa tristeza, de certa melancolia, mas imunizado por um certo bom humor. Já fomos melhores. Escrevo como se me enganasse, como se esbarrar em algum novo ponto de vista me desse alguma importância. Reflexão mínima, que me propicia a troca de um sabor ácido por um mais crítico! Assim, que eu possa tocar, sensibilizar alguém. Na contramão, mesmo num país de poucas leituras, num mundo de momentos efêmeros, fugidios, trazidos pelas redes sociais, onde todos têm opinião sobre tudo. E com extrema e estonteante convicção. Nesses tempos, me escondo cada vez mais. Por não saber mais nem como transitar. Onde só há um caminho, e disputo espaço num parco acostamento. Tempos dos quais perdi o bonde. Fica mais fácil culpar a evolução da tecnologia. Segundo Yuval Noah Harari, historiador e escritor, como bem prediz no seu terceiro livro, 21 lições para o século 21: “Os que estão ao largo da tecnologia brevemente se tonarão irrelevantes”. Resisto como posso. Escrevo para sentir que ainda respiro. Não para ter razão, mas para respeitar a mim mesmo naquilo em que acredito, e mais, naquilo que mal ou bem acabei me tornando. Textos, crônicas, contos, num modesto “achados e perdidos”.
Jailson de Almeida

Encontro com a desimportância, romance autobiográfico e ficcional, abriu a porta para uma vontade ainda maior de escrever. O resultado deu a medida certa de minha capacidade. Mesmo com limitada envergadura, me encorajou e me impeliu a continuar tendo o mesmo prazer na caça de pensamentos, olhares e palavras. Desta vez, recorro, em alguns escritos, à minha memória, sob pena da imprecisão, mas que me permite arriscar, dar maior polimento a histórias simples, vividas, escutadas ou lidas, que trazem algum condimento. Aliado à oportunidade de pas-sar um ano trabalhando num projeto de comunicação em Angola, imaginei que teria tempo ocioso, principalmente nos fins de semana. Sabedor disso, parti do Brasil mal-intencionado, anotando temas, olhando ao meu redor aquilo que a África pudesse me trazer. A pandemia amplificou a possibilidade. No grupo de risco a minha movimentação rareou. Esse cenário me levou ao Vende frango-se. De modo rasteiro tento traduzir alguma faceta do comportamento humano, sem ter bala para aprofundamentos mais sociológicos, psicológicos, filosóficos. Apenas me interessa o cheiro de vida. Um ângulo que me motivou, me seduziu, me interessou, me emocionando ou me indignando. Estas crônicas têm esta ambição. Retratar um pouco experiências observadas, vividas, que tenham me proporcionado algum caldo e possam da mesma forma tocar algum leitor. Fica aqui o convite à leitura. Aberta à crítica, a dúvidas e à possibilidade de algum diálogo, no e-mail disponível:
jailson1808@gmail.com.
O autor

Paulistano do Belenzinho, de família simples, frequentador de boas escolas públicas, sem nenhuma precocidade, Jailson de Almeida foi esbarrando, derrapando e se esfolando pela vida, prestando atenção às importâncias, descobrindo novos campos de trabalho, até ancorar na área audiovisual. Ainda na faculdade, descobriu a literatura pelas mãos de Ricardo Ramos, escritor, filho de Graciliano Ramos. Além de publicar pela primeira vez um conto seu, Ricardo o levou para a agência de propaganda, na área de redação publicitária. Novo começo, novas funções, até arriscar a direção de cena, atividade que mantém até hoje. No paralelo, tentativas bissextas realimentavam a vontade de escrever. Ideias, contos, crônicas, alguns roteiros até desaguar numa cartilha infantil: Coisas sobre as coisas de A a Z. Aí veio um romance meio autobiográfico, meio ficcional, Encontro com a desimportância, publicados em 2014 e 2015, respectivamente. Diante do bom resultado do seu primeiro livro infantil entre as crianças, partiu para um segundo: Mais coisas sobre outras coisas de A a Z, lançado em 2017, via Lei de Incentivo Proac, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Encorajado por olhos infantis, voltou com seu Dicionário de palavras engraçadas, trabalho que envolveu quatro anos de pesquisas, agora via Lei Rouanet, obedecendo a todas as contrapartidas junto às crianças. Agora, escolhe o mundo das crônicas, num exercício de percepção, de olhar, de traduzir aquilo que a vida tem de mais interessante: o comportamento humano.

Serviço:

Vende Frango-se
Crônicas
Jailson de Almeida

Scortecci Editora
Crônicas
ISBN 978-65-5529-833-8
Formato 15 x 23 cm
288 páginas
1ª edição - 2022

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