CONTOS ENTRERIOS / Raul Lopes / Diego Montalvão / Márcio Barros / Wilson Araújo

Conta-se que Anton Tchekhov, certa feita, teria dito que, sendo a Medicina sua esposa fiel, o papel de amante fora reservado à Literatura, de sorte que, quando se cansava de uma, dormia com a outra. Na fala, não há pista a respeito de se saber se entre elas havia uma relação de hierarquia ou de prioridade. Há, contudo, um fato: Tchekhov passou para a história não como um renomado médico, mas, sim, como um dos maiores escritores da Literatura mundial. E contista, pontue-se. Lembrei-me dessa passagem ao deparar-me com o livro Contos entrerios – à deriva, de autoria dos jovens contistas Raul Lopes, Diego Montalvão, Márcio Barros e Wilson Araújo, todos eles com atuações profissionais próprias, sendo, portanto, com elas casados. Dois deles com o Direito (Raul e Wilson), o terceiro com o Serviço Público (Márcio) e o quarto (Diego), tal qual o escritor russo, com a Medicina. Se todos eles são bem resolvidos profissionalmente, por que a porta de saída pela Literatura? Qualquer que seja a resposta, não há como dissociá-la da que seria dada a uma pergunta equivalente: por que escrever? São conhecidas as respostas de alguns dos mais célebres escritores, a exemplo de José Saramago: houve um tempo em que escrevia para não morrer. Manuel Bandeira fazia versos porque não sabia fazer música, disse ele. Além de afirmar que escrevia para salvar a alma, Fernando Pessoa também declarou que a Literatura existe porque a vida não basta, no que foi parafraseado por Ferreira Gullar que, ao ampliar e diversificar as portas de saída, disse que a Arte existe porque a vida não basta.
J. L. Rocha do Nascimento - Contista

Raul Lopes é natural de Teresina (PI), professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), músico, escritor de diversas obras jurídicas, vascaíno e contista bissexto.

Diego Montalvão é pai de dois filhos, músico, médico, reside em Teresina (PI) e, atualmente, se considera um ex-contista em crise de identidade.

Márcio Barros reside em Teresina (PI), é auditor governamental, músico fracassado, poeta irrelevante e contista por diletantismo e inevitabilidade.

Wilson Araújo é natural de Teresina (PI), com raízes profundas em Pastos Bons (MA). Casado, pai de dois filhos, amante de cerveja, ex-fumante, flamenguista e lutador amador. Advogado em tempo integral e torturador de violão em tempo livre.

Serviço:

Contos Entrerios
À Deriva
Raul Lopes
Diego Montalvão
Márcio Barros
Wilson Araújo
Scortecci Editora
Contos
ISBN 978-65-5529-836-9
Formato 14 x 21 cm 
112 páginas
1ª edição - 2022