Tel.:(11)93316-7940     WhatsApp:(11)97548-1515

ROMANCEIRO DO SERTÃO PROFUNDO / Gênesis Naum de Farias

Prelúdio da Terra Desolada... Naqueles dias, o delírio público foi contagiante ao ver a tempestade chegar. A nota foi escrita por ninguém menos do que Joaquim Argos Burlamaque, personagem central desta novela de cavalaria, referindo-se ao dia em que o Arraial do Sertão Profundo foi dizimado. Já passava da hora da sesta exatamente como agora, naqueles longínquos anos de 1800, quando a fúria da natureza notificou a todos que tiraria do mapa os eitos do domínio impetrado pela escravidão nos vastos sítios espalhados pelo Brasil. Ao se dirigir sertão adentro, o vento confrontou o assombro de centenas de pessoas que se aglomeravam diante do outeiro da Igreja do Desterro, aguardando o fim do velório do frei José, que se tardou em demasia nos proclames mais de três horas, tendo arrastado consigo todas as almas daquelas paragens. Ao perceberem a presença do vendaval, toda gente, vindas dos mais diferentes rincões, compreenderam que o Romanceiro chegava ao fim para o qual teria sido proposto. Não havia entusiasmo nos semblantes, as tristezas lhes eram maiores do que no instante do luto. Àquela altura, o Sertão de Dentro ainda era uma terra dominada pelo patriarcado colonial que se mantinha de pé como o regime no qual a tez escura dos homens era fortemente vista como sinônimo de mercadoria. Os homens nus eram os negros que foram arrancados das várias regiões do continente africano, e na época já somavam cerca de muitos milhões, espalhados pelos quatro cantos da Colônia a derriçar os pés de café e ensacar os grãos que movimentavam a economia brasileira, quando haviam sido trazidos para cá entre os anos de 1550 e 1800. Tempos depois, esses complexos e exaustivos mosaicos, cenário mais completo do arraigado e cruel processo de servidão, foram adocicados pela mestiçagem ao ser proposto como forma de criar uma retórica que caracterizaria a formação do Brasil do século XVIII e XIX. Enfim, o Romanceiro do Sertão Profundo guarda essas e outras histórias, porque passa a ser o relicário que deveria ter sido esquecido, quando fora centrifugado ao ser profetizado pelas primícias divinas, já agora narrado para eternizar o instante em que o amor se revelou...
Gênesis Naum de Farias - Poeta Bruxulesco, setembro de 2018.

“(...) A vida de um guardião de histórias é uma combinação de pesquisador, curandeiro, especialista em linguagem simbólica, narrador de histórias, inspirador, interlocutor de Deus e viajante do tempo.”
ESTÉS, Clarissa Pinkola.
O Dom da História, 1998, p. 09-10.

Graduado em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia, tendo se especializado em Gestão Escolar pela Faculdade Montenegro. Atualmente é Professor Auxiliar II na Universidade Estadual do Piauí – UESPI, onde coordena o Núcleo de Estudos Foucaultiano, atuando principalmente nos seguintes temas: Educação e Sociedade, Memória, Cultura e Diversidade, Educação e Cidadania, Educação de Jovens e Adultos, Educação Contextualizada, Currículo Contextualizado e Gestão Educacional. Trabalha também na área do fazer cultural, com experiência na produção do conhecimento acadêmico, bem como na produção de saberes culturais, através do fazer poético e da contínua produção jornalística, tendo o trânsito em sala de aula como meio principal de fomentação e consolidação da palavra escrita.

Serviço:

Romanceiro do Sertão Profundo
Gênesis Naum de Farias

Scortecci Editora
História
ISBN 978-65-5529-002-8
Formato 14 x 21 cm 
316 páginas
1ª edição - 2020

Voltar Topo Enviar a um amigo Imprimir Home