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UM TEMPO VISTO DA PONTE / Renato de Oliveira Prata

De marcante presença na lírica contemporânea da Bahia, o poeta de gestos recatados preferiu conviver com o seu projeto estético, em exercício qualificado, durante décadas até que comparecesse em livro. Tornou-se o principal crítico de sua produção poética antes de fazer sua estreia como um poeta maduro, privilegiado na sua expressividade nas construções de formas líricas, tanto nos versos livres como nos de estruturas fixas. Conquistou alguns prêmios literários importantes na Bahia. Mas o que vale é a sua poesia, que, de livro a livro, apresenta-se integrada de linguagem e vida. Toca em nossos ouvidos uma poesia orvalhada de emoções, trinado de pássaro, jogo das ondas no vasto mar de ideias, que no seu timbre ritmado de cores, sutilezas várias, corre e voa com a musicalidade de sua composição quando escalavra o vento. Contra o silêncio de seres e objetos, em suas relações intransponíveis ao primeiro golpe de vista, emerge esse poeta de sentidos e visões penetrantes do que importa deixar-se ficar, vale tocar e decifrar. Revela, em sua legítima impressão digital, sinais que reverberam solidões, estados de alma por entre cenas do cotidiano, plasmadas pelas luzes da memória, transes e emoções de quem sabe ser isso a veia e o veio para dialogar com o outro nas incompletudes do tempo, indiferente ao que nos envolve e habita no trânsito da existência. Desse ponto de vista, existe sem dúvida uma proposta formulada que chamo de pulsações líricas no labirinto de Orfeu, que comove nessa coisa afável, diáfana, feita de versos e estrofes para suportar a vida.
Cyro de Mattos

Um tempo visto da ponte

O futuro lança pontes
Que, a seu tempo
Nos dariam chance para atravessar...

E quando ponte houver
Sobre essa baía
Talvez que a vista marinha
Já nos compense o pedágio.

De mim, navego memórias
Como embarquei, adolescente
No antigo “João das Botas”
Anos 50.

E a vida por si transporta
Enquanto ainda permaneço
Espécie de jogral
Diletante-sênior
Um cantor na travessia...

O tempo, em face do golfo
Produz maquetes de sonho.

Renato de Oliveira Prata é natural de Itabuna (BA), nascido em 1937, filho de Agrícola Santana Prata e Alzira de Oliveira Prata, imigrantes sergipanos. Dedicou-se à carreira do serviço público, tendo se aposentado em 1994, no posto de auditor fiscal do Ministério da Fazenda. Iniciou-se literariamente, na condição de ensaísta, colaborou na Revista Afirmação (n. 2, 3, 4), dirigida pelo professor Hélio Rocha, no início dos anos 60, em Salvador. Frequentou a Oficina de Criação Literária, conduzida pela escritora Maria da Conceição Paranhos. Participou de antologias para as quais teve poemas selecionados: Painel brasileiro de novos talentos – 20 (Rio de Janeiro: Câmara Brasileira de Jovens Escritores, 2. ed., 2003); Poetas da Bahia – II (Salvador: Expogeo, 2003); Outros riscos, coletânea dos 40 selecionados, livro do Prêmio DamárioDaCruz de Poesia (Salvador: Fundação Pedro Calmon/SecultBA e Quarteto Editora, 2013); Poetas da Bahia – III (Salvador: Expogeo, 2015). Renato teve publicados os livros Sob o cerco de muros e pássaros, poesia, Prêmio Braskem Cultura e Arte (Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado; Braskem, 2003); A quinta estação (Salvador: Ed. do Autor, 2007); A pulseira do tempo (Ilhéus, BA: Mondrongo, 2012); Mar interior, também premiado pelo Selo Literário João Ubaldo Ribeiro da Fundação Gregório de Mattos (Salvador: ADM, 2015); Pequena antologia poética (Itabuna: Mondrongo, 2017). Bacharel em Direito, ocupa a cadeira n. 20 da Academia de Letras de Itabuna (ALITA).

Serviço:

Um Tempo Visto da Ponte
Renato de Oliveira Prata

Scortecci Editora
Poesia
ISBN 978-65-5529-058-5
Formato 14 x 21 cm 
160 páginas
1ª edição - 2020

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