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HERANÇA DO SANTO OFÍCIO / Nelson de Castro Senra

Este livro tem por foco analisar dois processos da Inquisição portuguesa: o de Maria da Costa (1618-1624) e o de seu pai João Lopes (1618-1622), portanto, ao tempo da União Ibérica, na dinastia Filipina, que se deu entre duas dinastias portuguesas: a de Avis – quando começou a Inquisição portuguesa, no reinado de d. João III, em 1536 – e a de Bragança – quando ela foi extinta no reinado de d. João VI, em 1821. Por seus contextos, essas dinastias foram estudadas, bem assim, também a burocracia – composição e rotinas processuais – do Tribunal do Santo Ofício. Entretanto, como a instituição inquisitorial não teve início nem em Portugal, nem na Espanha, de onde a Inquisição portuguesa recebeu imediata influência, mas antes, na Idade Média, agindo contra heresias e apostasias, e só bem depois passando a perseguir os cristãos-novos acusados de judaísmo (como nos processos analisados), aventurou-se nesse surgimento, em linhas gerais, e não se deixou de abordar a Inquisição Romana, criada contra o reformismo protestante (e se aproveitou para considerar como esse movimento reformista conviveu com as práticas inquisitoriais, se as condenou ou se, ao contrário, também as praticou). E voltou-se ao presente, analisando as revisitas que a Igreja Católica universal e o Estado português – os atores de ontem – vêm fazendo em relação aos seus passados de envolvimento na instituição da Inquisição. Por fim, defende-se, o que parece saltar aos olhos, que, não obstante a palavra inquisição ter caído em desuso, sempre se viveu, e mais ainda se vive hoje, um “impulso à inquisição”, num crescendo de crueldade, seja no próprio âmbito dos estados (poder civil), ao arrepio dos limites legais, esgarçando a violência legítima que lhes cabe, seja às suas margens, sem seus controles, ou até com suas conivências irresponsáveis.

1821-2021 - 200 ANOS DA EXTINÇÃO DA INQUISIÇÃO PORTUGUESA

“Responderão [os inquisidores] que onde há indícios de delito se podem ou devem tratar os presos como réus, assegurando-os em o cárcere: não impugno isto, porém seja cárcere que os segure como pessoas indiciadas, não que os atormente como convencidas, condenadas e contumazes, como fazem, enterrando indiferentemente a uns e outros em calabouços subterrâneos, obscuros, e asquerosos por si, e pela muita imundícia que os faz infeccionados, sem que os alimpem senão uma vez cada quinze dias, ou três semanas.”
PADRE (JESUÍTA) ANTÔNIO VIEIRA (c.1663)

“Desde que a minha idade me permitiu o pensar e refletir, sempre considerei a existência da Inquisição na Europa como uma consequência da ignorância e da superstição e, portanto, sempre a olhei com horror.”
HIPÓLITO JOSÉ DA COSTA (1811)

Nelson de Castro Senra é Doutor em Ciência da Informação (pela Universidade Federal do Rio de Janeiro), Mestre em Economia (pela Fundação Getulio Vargas, do Rio de Janeiro) e Bacharel em Economia (pela Universidade Candido Mendes, do Rio de Janeiro). Pesquisador e professor no IBGE (aposentado), por longo tempo, atuou em pesquisa sócio-histórica da atividade estatística, em que é autor de vários livros e textos. Mas este livro segue outra linha de estudo: a de memórias de família. Essa nova linha teve início no livro Em busca do amanhã (São Paulo: Scortecci, 2018), no qual, amparado em anotações de familiares (bisavós, avós e pais) e em lembranças e experiências, reportou o passado familiar às gerações recentes (o “amanhã” referido no título), que pouco o conhece. Seguiu com Idas e vindas pelo mundo (São Paulo: Scortecci, 2019), em que buscou revelar como formou nos filhos uma ampla visão de mundo, levando-os a respeitar seus semelhantes sem distinção alguma e a valorizar as muitas culturas mundo afora. E chega a este livro, Herança do Santo Ofício, em que viaja a um passado bem mais antigo da família. É sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro – IHGRJ,onde ocupa a cadeira 38, patrono Noronha Santos.

Serviço:

Herança do Santo Ofício
Nelson de Castro Senra

Scortecci Editora
História
ISBN 978-65-5529-254-1
Formato 16 x 23 cm 
280 páginas
1ª edição - 2021

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