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MEUS DOIS EUS DE ABDERA E SEUS ESTÚPIDOS INTESTINENSES / Fernando Kavera


Escrever sério de forma divertida ou divertido de forma séria? 
Despretensão sofisticada ou sofisticação despretensiosa?
Poemas livres ou textos estilísticos?
Cuidadosamente limpo ou despojadamente sujo?
Caos organizado?

Intercalando temas sérios com humor e humor com seriedade, Meus dois eus de Abdera e seus estúpidos intestinenses retrata, acidamente, através de textos sortidos temperados com sarcasmo e deboche, um país prestes a culminar no absurdo total e inexorável, tratados com fluidez, indignação e saboroso delírio. 

Sexto livro do escritor e compositor Fernando Kavera, que segue a mesma linha iniciada com sucesso em O Vazio é o começo de Tudo.

Obras publicadas:
Bazófias peristálticas (Nobel, 2005)
Trilogia: Abaixo da impiedosa abóbada (Scortecci, 2011), Sinfonia Cordisburgo (Scortecci, 2012), Primeiro as horas, segundo os segundos e, por fim, o fim (Scortecci, 2015)
O Vazio é o começo de Tudo (Scortecci, 2017)

Da minha janela
eu vejo a História de Abdera
rastejando em círculos.
Pior,
rastejando num oito horizontal...
O infinito, a eternidade exausta e
enferma.
Como um pião alucinante,
sempre em movimento,
girando e girando,
mas sem jamais sair do lugar,
inerte como um espantalho,
com um DNA especificamente
 contaminado,
enfeitiçado,
cuidadosamente adoçado com cicuta.
Da minha janela
eu vejo o Destino de Abdera,
pobre destino insistente
em enganar a vida sem repugnância,
mas que envenena diariamente sem
 alvoroço algum,
tempos após tempos
eras após eras
tudo muito bem acomodado
para jamais alcançar a Catarse.
Majestoso estratagema da Inércia:
o lusoespantalho 
traz o afroespantalho
para se unir ao indoespantalho
para produzir a escalafobética
QUIMERA TROPICAL AUTÓCTONE
e sua fabulosa Explosão Cambriana.
Exércitos de centopeias quiméricas se
 reproduzindo,
se reproduzindo,
se reproduzindo,
infinitas pernas se multiplicando,
se multiplicando,
se multiplicando,
todas besuntadas com chorume
levando a lugar nenhum,
como um...
pião-espantalho inerte por 500 anos.
Melancólico espantalho!
Sofisticada Engenharia de Fracassos!
Distopia a céu aberto.
Sinapses adormecidas como túmulos.
Pobre destino.
Pobre história.
Miríade de Sonhos não sonhados.
De Vidas não vividas.
De Desperdício condecorado com 
 ossos podres.
Museu de Vísceras.
Futuro do pretérito.
“Como um grande rio de promessas 
 que secou
Como a terra pura que jamais germinou
A cada passo em vão, ziguezagueando
 até ceder
O que me atrai se desmancha... no ar.”
Fecho a janela.
Meu niilismo pessoal institucional diz:
NADA MAIS ME FARÁ CRER.

Serviço:

Meus Dois Eus de Abdera e Seus Estúpidos Intestinenses
Fernando Kavera
Scortecci Editora 
Poesia
ISBN 978-85-366-5949-7
Formato 16 x 23 cm
136 páginas
1ª edição - 2019
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