DOCES LEMBRANÇAS / Marineide Molina Gonçalves

Começou o que é doce!

Ao final destas Doces lembranças, certamente se dirá a antiga frase popular “acabou-se o que era doce!”, repetida sempre que se acaba algo muito bom, seja de comer, beber, vivenciar ou, neste caso, ler. Deveríamos dizer, porém, que começou o que é doce, por termos o privilégio de conhecer a poesia de Marineide Molina Gonçalves e, através dela, um pouco de sua aura. Este livro é um retrato fiel da autora, a quem conheço e admiro. Delicada e dedicada, sonhadora e realizadora, talentosa e sempre disposta a pôr a mão na massa em nome do amor que tem pela Cultura e pela Educação, onde se encontra entrincheirada de corpo e alma. Mais que professora, uma verdadeira mãe para seus alunos. Li com grande satisfação todos os poemas e crônicas, mas quero destacar “Bolinha”, “Presente de casamento” e “Lembranças”, que podem levar às lágrimas até os insensíveis, porque a autora teve a graça de traduzir a sua realidade simples, que é a realidade de tantos, inclusive a minha, vestindo-a de poesia, traje de gala da palavra escrita. O poema “Calmaria” fecha com chave de ouro esta etapa, que esperamos ser a primeira de muitas. O que é doce está começando. E nós queremos mais livros!

O coração de Mari

Foi entre estantes de livros e alunos declamando poemas que conheci Marineide Molina Gonçalves. Ela preparava com um inusitado vigor e carinho extremo os estudantes da Escola Estadual Gustavo Peccinini que iriam participar do meu Projeto Verso e Voz. Fiquei encantado com aquela professora abnegada, a forma com que ela conduzia seu trabalho na biblioteca da escola, seu relacionamento com a direção e os professores. Depois, nos lindos saraus produzidos no Gustavo, lá estava ela ajudando em tudo, rodeada de jovens talentos. Muita gente fez acontecer os saraus ali, mas Mari sempre esteve presente. Agora ela lança seu livro. Os caminhos que percorreu orientando alunos, sendo a seta a indicar a eles a melhor escolha, também geraram uma produtiva caminhada pelo universo do conhecimento, não apenas na literatura, mas na vida cotidiana, com suas encruzilhadas, seus mistérios, seus insondáveis segredos, suas descobertas. Aos poucos, Mari foi transformando em palavras a vivência como professora, usando o sangue novo dos alunos como alimento para seus poemas. Mais do que isso, seu olhar humano buscou o sentido de ser mãe, avó, amiga, companheira... Diante desse olhar derramado sobre as coisas terrenas, surgem também cantos sinceros que evocam um espírito iluminado. É a alta dosagem de amor que faz seus escritos soarem tão delicados, tão carregados de singeleza, tão desprovidos de afetação. Sua história, misturada com as histórias dos outros contadas por ela, foram tecendo essas “doces lembranças” que viraram livro. A mulher trabalhadora vence mais uma etapa da vida, dando à luz essa obra.

“Estou mais agradecida do que sou capaz de dizer”, confessa Mari, com a humildade que é uma de suas marcas. Muitos lerão seus textos e sentirão gratidão pelo compartilhamento de suas emoções. Quem serão esses leitores? Seus alunos e ex-alunos? Seus familiares? Os companheiros dos saraus de música e poesia? Esses, com certeza. Mas a autora nunca saberá o alcance real da obra que concebeu. É bom conviver com essa incógnita. É bom imaginar em que terreno foram cair as sementes aqui plantadas. Marineide Molina Gonçalves, não só por esse livro que agora toma forma física, mas por tudo o que falou, pensou, sentiu e produziu, há de ver surgir uma seara pronta para entregar os melhores frutos aos que vierem até ela com sede de amor, aconchego maternal, ombro amigo e coração de professora.

A paranaense Marineide Molina Gonçalves reside em Limeira, interior paulista, desde 2014. Participou da coletânea Verso amigo III, de 2018. Doces lembranças é seu primeiro livro solo.

Scortecci Editora 

Poesia

ISBN 978-85-366-6013-4

Formato 14 x 21 cm

60 páginas

1ª edição - 2019

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