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CONTOS DA 3º IDADE / Mônica Valéria


Na arte de envelhecer, é preciso uma xícara de chá de esquecimento por dia, uma concha de vista ruim e uma enorme tigela de bom humor para se trilhar este caminho. Nesta arte podemos ter a plena consciência de que os últimos anos da vida de um velho não são os melhores, mas certamente são os mais caros. Certamente são anos dourados, porque há tesouros a serem contemplados e banquetes a serem saboreados que só a velhice pode proporcionar. Como diz o velho e bom ditado: “quem não quer velho ser, cedo deve morrer”. Eu amava ser criança, mas ter muita gente mandando em mim me incomodava. Eu queria crescer depressa para poder não ser mandada. Eu não entendia que a posição de comandar, delegar, direcionar era dura e muito desafiadora e que para ocupar tal posição seria necessário envelhecer. Cresci então. Tomei naturalmente a posição que antes me incomodava: eu no comando, eu madura, eu velha. Quando se é criança temos medo, fome e colo. Mostraram-me que eu teria braços ao meu redor nas dores que eu sentia, mas não me disseram que seria apenas uma fase, que eu cresceria e o mundo seria hostil. Mas envelhecer faz parte do processo. Vez ou outra me pego com saudades da infância; não por medo de ser velha, não por medo do que me espera, mas é porque ser criança parece combinar com companhia, auxílio; ser grande soa incômodo, fardo, peso, solidão...

Serviço:

Contos da 3º Idade
A Sátira de Envelhecer
Mônica Valéria 
Scortecci Editora 
Contos 
ISBN 978-85-366-6024-0
Formato 16 x 23 cm
248 páginas
1ª edição - 2019
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