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ALMA MILITANTE / Izabel Oliveira de Mendonça Bazzo


“Minha mãe teve 14 filhos. Morreram três. Agora somos 11, cinco homens e seis mulheres. Seis de meus irmãos não frequentaram a escola, mas são alfabetizados/as. Eu fui a primeira a frequentar a escola pública... Com a seca tudo era difícil. Dependendo da sua duração era preciso comprar farinha ou milho para nos alimentarmos. Meu pai comprava o milho porque era mais barato. Ralávamos o milho, fazíamos cuscuz, e a gente comia com feijão... Iniciei minha militância com os jovens do meio rural, ligada à Igreja no final dos anos 1960, através da Ação Católica... Trabalhava durante o dia, à noite estudava e, nos finais de semana, ia para as comunidades rurais... Minha área de atuação foi se ampliando, participei de ações ligadas à Pastoral Rural, representei o Movimento em seminários e encontros promovidos pela Igreja na Bahia e em outros estados. Finalmente assumi a direção nacional... Meu pai guardava documentos considerados subversivos na roça, enrolados em plástico, embaixo de pedras, e, quando eu precisava, ele os pegava pra mim”.

“Quem nasceu em Pernambuco e não morreu de fome até os cinco anos de idade, não se curva mais a nada” (ex-presidente Lula, entrevista em 2019). Ao que Izabel Bazzo complementa: “Quem nasceu no interior da Bahia também”.

Como foi possível resistir à ditadura de 1964 e encontrar espaços para conscientizar o povo? Como foi possível resistir aos anos 1980, quando tudo se fortalecia para impedir a organização dos trabalhadores? Como é possível resistir ao Brasil de 2019, dominado pelo preconceito e pela injustiça, pela perda dos direitos fundamentais, pelo desânimo das pessoas, pelo avanço da direita também no Brasil?

Esta autobiografia de Izabel Bazzo demonstra que, quaisquer que sejam as condições, é possível encontrar espaços de militância e permanecer na luta. Nascida no interior da Bahia, em uma família humilde, ela conseguiu estudar com muito esforço. Nos anos 1960/70, comprometida com a Juventude Agrária Católica (JAC), ela descreve a atuação do movimento nos lugares mais esquecidos do país junto aos mais pobres, seus métodos, vitórias e cuidados para que seus membros não fossem perseguidos e presos pela ditadura militar. Nos anos 1980, depois de emigrar para São Paulo, funda o Sindicato das Costureiras do ABC e relata o cotidiano dessas trabalhadoras, com jornadas excessivas, baixos salários, revistas constrangedoras nas fábricas, a burocracia para barrar o novo sindicalismo que surgia, as conquistas realizadas. Depois, é a descrição do trabalho com educação popular. E neste país atual, Izabel refaz seu compromisso de resistência: “Acovardar jamais. Neste momento dramático, em que estão em risco o presente e o futuro de nossa nação, não podemos nos omitir. O momento exige solidariedade com a classe trabalhadora, com todas as pessoas pobres e marginalizadas”.  Um livro para quem se interessa pelos movimentos sociais, para jovens se surpreenderem, para se renovar a esperança e se emocionar com a história de quem nunca desistiu. 
Beatriz Vicentini

Serviço:

Alma Militante 
A luta diária pela transformação social 
Izabel Oliveira de Mendonça Bazzo 
Scortecci Editora 
Biografia
ISBN 978-85-366-5977-0
Formato 14 x 21 cm
180 páginas
1ª edição - 2019
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