SAGA DE NOSSA FAMÍLIA / Narciso Barbosa da Silva
Auto-retrato
Curioso sempre fui...
Pautei-me sempre pela lei
Do: “Se não sabes, intui”
Pra chegar onde cheguei.
Vivi sempre tendo em vista
Lição alhures haurida:
Que toda e qualquer conquista
É prêmio de alguma lida...
Contemporâneos já tive
Que ficaram já pra trás...
Se este João, pois, sobrevive,
De cuidar-me fui capaz.
Não pensem que sou simplista!
Não! Sei da complexidade
Que a tudo envolve. A lista
É infinda, de variedade.
Xadrez! O xadrez configura
A vida e o rumo a tomar...
Melhor se sai quem acura
Jeito melhor de abordar.
Otimizar é a chave
Que abre caminho ao sucesso.
Complexidade é entrave
Só pra quem não faz progresso...
Possuo também o condão
De resolver meus percalços
Tão só com o que tenho à mão,
Seja o inteiro ou só pedaços...
Simplismo acho, e impertinente,
É achar que o cara inculto
Só fala de coisa e gente...
E de ideias trata o culto!...
Limites tais estreitaram
Trilhos por onde vou indo...
Fé e Amor também juncaram
Sendas de onde tenho vindo.
E se a Vida continua,
Irei com ela até o fim;
Bolha viva que flutua,
Buscando a Imagem de mim.
Nasci. Chorando nasci.
Cresci. Lutando cresci.
Adolescência? Mal vi.
Do sertão natal saí...
Pra civilização vim,
Disposto a não fracassar.
Foi êxodo rural, sim,
Destino então bem vulgar.
Há males que vêm pra bem!
Diz sábia sentença humana.
Menciono um “plus”, porém:
sob égide Franciscana.
Humano inter-secular,
Eis-me à porta dos oitenta!
E, se viver é lutar,
Narciso aqui não descrenta.
Qualquer megalomania,
Fujo de vangloriar-me.
Mas de trova e de poesia,
Não me peçam pra abdicar-me!
Serviço:
Saga de Nossa Família
Narciso Barbosa da Silva
Scortecci Editora
Poesia
ISBN 978-85-366-6060-8
Formato 14 x 21 cm
188 páginas
1ª edição - 2019