VENTO PASSADO / Alberto e Fábio Daflon

Vento Passado - memórias do recruta 271 - é livro de memórias de Alberto Daflon, desde antes de ser convocado para sob o número recruta 271 participar da Força Expedicionária Brasileira, durante a Segunda Grande Guerra, no Teatro de Operações de Guerra da Itália, fazendo o relato das atividades de lazer dos soldados, entre as quais a rádio PR-Cachaça que narrava humorosamente eventos da guerra, a Batalha de Monte Castelo, e o retorno da tropa à vida civil. Configurando um texto de romance histórico-documental inusitado, por ser a narrativa dos combates e da vida da tropa a partir dos olhos de um soldado.

Confesso que me deu certa inveja, afinal, sou o jornalista da família. Mas o meu irmão Fábio se antecipou à bola e fez o gol. Explico a metáfora com o futebol. Sou repórter esportivo e, portanto, vivo usando termos ligados a esse dia a dia. O gol a que me refiro foi o de comprar a ideia de nosso pai e escrever junto com ele um livro de memórias sobre sua vida até seu encontro com a nossa mãe. São “causos” do Betão, de sua infância, da adolescência no internato, de sua experiência riquíssima e trágica ao mesmo tempo na Segunda Guerra Mundial, da aventura que ele viveu ao lado de Lia e, muitas vezes, por causa dela... Aliás, este é o livro de um casal que chegou às bodas de ouro em janeiro de 2002, ano que sucedeu àquele em que se consumou a elaboração da obra. O lançamento dessas histórias, assim, é comemorativo da união de Alberto e Lia. A narrativa é quase toda de meu pai, mas o Fábio, que sempre gostou de escrever, soube esculpir no relato a linguagem do protagonista: um homem de 80 anos e seus valores que nos ensinaram a viver melhor.
Rogério Daflon

Somente um homem feliz e realizado sonha escrever um livro de memórias. Pois somente aqueles cuja vida foi intensa e marcada por grandes emoções têm a matéria-prima para preencher páginas brancas com histórias que, diluídas em nossos pensamentos, pas-sam a fazer parte da nossa essência humana. Olho para o meu pai e vejo o garoto nascido em Aparecida, lugarzinho que tanto faz parte da minha vida como de meus irmãos e primos e de nossos filhos – e que de lá saiu para o internato em Niterói e depois para a tradicional Escola Nacional de Química, sem esquecer a sua heroica participação na Segunda Grande Guerra. Olho para a minha mãe, a doce dona Lia, guardiã da ternura do clã Santos-Daflon-Gomes, e vejo a mocinha do subúrbio carioca que obstinadamente procurou e encontrou a felicidade através da harmonia que soube plantar ao seu redor. Olho para o casal, já idoso, e vejo dois jovens que se meteram numa empreitada e tanto! Criar seis filhos em tempos turbulentos como foram os anos 60, 70 e 80, a Guerra Fria, o movimento estudantil, passeatas e a bomba do Riocentro, bem como os novos conceitos de casamento, as novas liberdades e os novos hábitos sociais (como juntar um bando de cabeludos para ouvir rock and roll) foram algumas das aventuras que se apresentaram em suas vidas. Hoje estamos mais calminhos... Li outro dia na página de ciência de um jornal que a partir de certa idade o adulto passa a usar outra parte do centro da razão, no cérebro, para pensar e que isso explicaria o fim dos anos de rebeldia dos adolescentes e jovens. Se for mesmo verdade, acho que posso afirmar que todos nós já estamos usando essa porção da nossa massa cinzenta. Este livro (me perdoem o tom pessoal da orelha) vai representar as memórias do Velho Beto, mas também as nossas e de nossos filhos, e dos irmãos, amigos e primos de Alberto e Lia, todos que conviveram com eles e que puderam gozar de sua aprazível companhia. A história, contada em “gotas de lembranças”, ganha corpo à medida que se avança na leitura e se começa a juntar as peças que vieram a formar a personalidade tranquila desse homem de exemplos que Alberto é para todos nós.
Maria Lúcia Daflon

Serviço:

Vento Passado
Memórias do Recruta 271
Alberto e Fábio Daflon
Scortecci Editora
Biografia
ISBN 978-65-5529-266-4
Formato 16 x 23 cm 
132 páginas
2ª edição - 2021