Tel.:(11)93316-7940     WhatsApp:(11)97548-1515

GRIS / Edir Augusto Dias

gris é a cor sem cor. uma tonalidade do indefinido das sensações. as sensações que temos muitas vezes se tornam indistintas. gris é mistura, o meio caminho, a intersecção entre o branco e preto. mas branco e preto não são cores. então gris é cor do que não é cor. há uma palheta de cores para os sentimentos do mundo que carregamos. é certo que nem tudo no mundo é colorido, é cor viva, intensa, distinta. quando nos desesperamos tudo fica cinza. quando nos perdemos no caminho, perdemos a memória, nossa identidade... assemelhamo-nos ao gris. gris domina a cena. preenche a atmosfera. a tristeza como tonalidade afetiva da existência carrega de tons gris em demasia a vida. mas gris aqui são os poemas. poemas cinza. poemas que misturam o preto e o branco, uma cor que resulta da mistura de não cores. gris é de que falam os poemas. se estes falam. e também do que calam. quando as palavras perdem a voz. gris é o que os poemas não alcançam. e nem mesmo a imaginação revela. o que já não faz sentido. mas faz que ainda pensemos em sentido, busquemos o sentido, tentemos nomear o sentido. os poemas gris têm cores ocultas, supostas, suspeitas, suspensas... cores que ainda não inventamos. talvez por isso o gris... o gris é onde ainda não temos os olhos para ver a cor, as cores que haverão de ser. a cor-devir. gris não é um adjetivo. não expressa uma sensação meramente visual. gris é a atmosfera interior, de sonho e devaneio. gris é substantivo e intransitivo. é o verbo que se fez verso e habitou entre nós. dentro de nós. em todas as coisas e cores.

se me visses hoje
quando de ti ausente vivo
solidão escura noite
coração no peito cativo

dirias que estou mudado
um outro no corpo antigo
mas tudo que mudou é meu estado
pois o mesmo amor trago comigo.

edir augusto dias nasceu em mocajuba (pa). é geógrafo. é ribeirinho. professor. atravessa dias e dias escrevendo versos. vivendo em versos. e, às vezes, sente que se aproxima de alguma poesia. há alguma poesia que as palavras não alcançam. há alguma poesia que numa vida, numa vida apenas, não cabe.
capa: carlos eduardo leite pereira (6 anos de idade) sobrinho do autor

Serviço:

Gris
Poemas
Edir Augusto Dias

Scortecci Editora
Poesia
ISBN 978-65-5529-119-3
Formato 14 x 21 cm 
108 páginas
1ª edição - 2021

Voltar Topo Enviar a um amigo Imprimir Home