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SOBERBA / Paulo Viana

Há muito tempo, no coração do sertão das Gerais, existiu uma fazenda chamada Soberba. Seus vales, grotões e encostas se perdiam na vastidão daquelas paragens onde o horizonte era uma sucessão de linhas curvas. Um paraíso idílico, onde amores e segredos possuíam a mesma dimensão. Onde homens e mulheres à deriva veem seus destinos serem traçados pelas mãos da ganância, da cobiça e da ignorância. Uma velha cafetina cruel e sem alma, que guarda segredos abomináveis. Mulheres vítimas da sujeição servil à ignorância de homens cruéis e violentos. Um vaqueiro que se arrisca numa paixão desenfreada por uma mulher profundamente falha; e ele levará o seu amor às últimas consequências. Um homem silencioso, que vive um amor além de sua compreensão. E, movendo-se entre eles, está um grande rio, raivoso e indomável, se esgueirando por entre os vales e as montanhas da bela Soberba, abraçando-a e amando-a como um rude e imprevisível amante.

Oh! passageiras alegrias do Éden
Compradas por desgraças tão duráveis!
Deus Criador, pedi-te porventura
Que do meu barro me fizesses homem?
Pedi-te que das trevas me tirasses,
Ou me pusesses em jardim tão belo?
– Paraíso Perdido, John Milton

A cronologia da história da fazenda Soberba tem início durante a pandemia da gripe espanhola, que chegou ao Brasil em 1918. A pestilência e a grande guerra deram as mãos e ceifaram vidas indiscriminadamente ao redor do mundo. Firme em seus alicerces, Soberba a tudo resistiu. A história e as engrenagens do progresso seguiram em frente; a indústria cafeeira caiu por terra e os ventos republicanos mudaram de rota. Os cidadãos mergulharam num ostracismo social imposto pelos anos de chumbo que dominou o Brasil por longos 21 anos. Os sobreviventes da ditadura militar desembarcam na nova república de 1985, com sonhos que serão destruídos por uma outra pestilência: a ganância. A ambição desmedida e a avidez pelo poder, que sobrevieram com os ventos republicanos, contribuíram para deteriorar moralmente uma sociedade já desprovida de  valores. E é nesse cenário que per-sonagens ignorantes, miseráveis e servis se tornam alvo dos propósitos de uma cultura social que privilegia a corrupção.

Paulo Viana é professor alfabetizador, pós-graduado em Literatura e Produção Textual. Publicou seus primeiros contos na coletânea Pontos da Vida em 2013. Em 2015 publica o seu primeiro romance, Misérias Anônimas, em que retrata o fictício morro de Santa Virginia como um organismo vivo e pulsante; um lugar onde o crime se tornou uma abstrata noção de trabalho, onde vítimas e algozes exorcizam suas misérias anônimas à margem de uma sociedade apática e excludente. Em Soberba, troca-se o cenário miserável dos morros e favelas pela deslumbrante paisagem rural no interior do sertão mineiro. Mas seus personagens, ainda miseráveis, continuam a ser explorados por uma sociedade capitalista, pretensamente democrática.

Serviço:

Soberba
Paulo Viana

Scortecci Editora
Ficção
ISBN 978-65-5529-750-8
Formato 14 x 21 cm 
116 páginas
1ª edição - 2022

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