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DESVIOS / Vania Vasconcelos

Desvios, de Vania Vasconcelos, dividido em três blocos de seis contos cada, tem certa unidade de concepção literária: O universo feminino, o ponto de vista feminino. As mulheres da contista são mães, avós, trabalhadoras. Os homens são seus maridos ou amantes. Ou filhos, pais, avós, amigos, colegas de trabalho. Ou protagonistas, como o bibliotecário Antônio, os personagens principais de “Di profundis” e “O último verso” e Inácio, de “Domingo maior” (típico conto de personagem). Há mulheres do morro, da favela, gente sofrida, às voltas com roubos, violência e drogas. Há uma velhinha do interior, que se perde na cidade grande e vira mendiga. Há uma menina cândida que sofre pela mãe, trocada pelo pai por outra mulher. Há mulheres da classe média. Um mundo de mulheres. Mas nada de sexo explícito, de descrições e narrações naturalistas. Tudo muito sóbrio, sem aquele ânimo de causar no leitor qualquer sensação erótica. Mesmo nas histórias de enredo tradicional (homem, mulher, outra ou outro), a escritora consegue “enganar” o leitor, como no desfecho de “Di profundis”. Ou no obscuro “Um jardim feito de madrugadas”. E também em “Conexões”, com seu final inusitado.     

... talvez por isso haja sempre, no meio de tudo, um conflito, um desconforme, um rompimento da ordem, como se a vida só pudesse ser experimentada no gosto do tropeço, da queda, do desvio. Mas desvio que é acima de tudo libertação. Seja pela morte, pela fuga, pela loucura ou pelo desejo, os personagens buscam outras formas de 'encaixe'. Mesmo com um preço a pagar, o bom de tudo é que eles não deixam de tentar, se arriscam, se perdem, enlouquecem, mas deixam sua marca nessa vida tão passageira.
Sarah Diva Ipiranga

Os contos de Vânia são bons, motivo pelo qual saíram vencedores do Prêmio Ideal Clube de Literatura de 2008. Os títulos de alguns contos são muito originais. Nada bizarros, no entanto. Alguns são muito bons, como “Pietá” (apesar do título “clássico”, ambientado num morro) e “A menina feita de areia”, um dos mais comoventes do conjunto. Mas não é por ser comovente que é ótimo. É pela beleza da narração, pela pintura de amor e ternura dessa menina que gosta de passear com o pai. A poesia está presente em algumas peças: personagens leem, gostam de livros, falam poemas. As epígrafes são versos ou frases muito conhecidas de Fernando Pessoa, Manuel Bandeira e Guimarães Rosa. Personagens citam versos de canções populares e orações católicas.
Nilto Maciel

Vania Vasconcelos, nasceu em Salvador (BA), formou-se em Letras e foi professora do Curso de Letras da UNEB. Mora em Fortaleza (CE) desde 1995. É professora de Literatura do Curso de Letras da FECLESC, faculdade da UECE. No Ceará, participou da organização de duas Bienais Internacionais do Livro ( 2004 e 2006) e trabalhou na Coordenação do Núcleo de Literatura do Centro Cultural Dragão do Mar. Faz parte da ONG Travessias, que trabalha com a promoção e incentivo à leitura. Ganhou o Prêmio Literário Caio Cid com o livro de crônicas Mergulhos e o de Incentivo às Artes, da SECULT, com o mesmo livro, em 2005. Foi, por dois anos, articulista do Jornal O Povo, escrevendo crônicas. Já publicou um livro infantil intitulado Chão de Infância e venceu o Prêmio Fran Martins para obra inédita – contos – em 2008, promovido pelo Ideal Clube de Fortaleza.

Serviço:

Desvios
Vania Vasconcelos
Scortecci Editora
Contos
ISBN 978-85-366-1539-4

Formato 14 x 21 cm - 96 páginas
1ª edição - 2009


 

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